RESENHA CRTICA: Rock in Cabul (Rock the Kasbah)
Um dos momentos mais infelizes da longa carreira do humorista Bill Murray
Rock in Cabul (Rock the Kasbah)
EUA, 15. 106 min. Direção de Barry Levinson. Roteiro de Mitch Glazer (O Novato, Os Fantasmas Contra Atacam). Com Bill Murray, Zoeey Deschanel, Leem Lubany, Bruce Willis, Kate Hudson, Arian Moyaed, Scott Caan, Danny McBride.
São vinte diferentes produtores que realizaram esta pseudocomédia que tem a trilha musical composta por um brasileiro (o Marcelo Zarvos não em seu melhor dia). Mas que é um dos momentos mais infelizes da longa carreira do humorista Bill Murray (que neste mesmo ano fez também um pavoroso show musical da Netflix, chamado A Very Murray Christmas). É incrível como Murray, que pode ser genial com o roteiro certo (por exemplo, em Feitiço do Tempo, 93, ou Encontros e Desencontros, 2003), também pode ficar perdido numa história sem sentido (mesmo estando cercado por um grupo de amigos famosos com menos ainda por fazer do que ele!). O mesmo se pode dizer do diretor Barry Levinson, que ganhou Oscar por Rain Man (89) e foi indicado antes por Justiça para Todos, 89, como roteirista, Diner, roteiro 92, Avalon, roteiro, 90 e Bugsy, roteiro e direção, 91. Desde então a melhor coisa que fez foi uma série de TV infelizmente mal conhecida aqui chamada Homicide, Life on the Street, 93, até hoje vista como obra-prima! Ainda assim teve filmes dignos na TV (Você Não Conhece Jack, com Al Pacino), Vida Bandida e Mera Coincidência. Mas não é logicamente o mesmo e não consegue salvar esta besteira infeliz.
Murray é um manager Richie Lanz (empresário) musical que acha que descobriu uma garota talentosa como cantora e que deveria ser apresentar num show musical de TV caso não estivessem na Afeganistão e tudo fosse pecado ou proibido. Principalmente quando a leva até Cabul para participar do programa Afghan Star. Foi muito vagamente inspirado em fato real! E rodado no Marrocos e Afeganistão.
Um tema difícil porque está se envolvendo com fatos dramáticos que parecem ser verdadeiros e nunca tem a leveza ou ironia que poderia salvá-lo. O título do filme se refere a uma canção do mesmo nome da banda punk The Clash, que conta uma fábula sobre um rei que proíbe o rock, mas que é desafiado pela população (uma ideia criada porque em 1979, o Irã baniu a musica ocidental). O triste é que a canção não aparece no filme porque não lhe cederam os direitos autorais. Uma coisa tão esquisita e decepcionante como o próprio filme.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.