RESENHA CRTICA: A Comunidade (Kollektivet/The Commune)
De todos os sobreviventes do chamado Dogma, a escola dinamarquesa que durou alguns anos, o diretor Vinterberg foi o que melhor sobreviveu ao blefe
A Comunidade (Kollektivet/The Commune)
Dinamarca, 16. 111 min. Direção de Thomas Vinterberg. Com Julie Agnete Vang, Trine Dyrholm, Ulrich Thomsen, Fares Fares, Lars Ranthe, Helene Neumann .
De todos os sobreviventes do chamado Dogma, a escola dinamarquesa que durou alguns anos, o diretor Vinterberg foi o que melhor sobreviveu ao blefe (grande parte do que eles defendiam eram truques e golpes para ficarem famosos) e demonstrou maior talento. Desde o primeiro sucesso que foi Festa de Família (Celebration, 98) que foi até transformado em peça teatral na Broadway e até hoje é lembrado com respeito. Mas também cometeu muitos erros (Dogma do Amor, Querida Wendy, o fraco Quando um Homem Volta para Casa, Submarino). Saiu-se melhor com A Caça (indicado para o Oscar e globo de Ouro de filme estrangeiro) e recentemente com Longe Deste Insensato Mundo (uma refilmagem que não saiu em nossas salas mas existe em VOD, com Carey Mulligan, e Michael Sheen).
Esta boa fase parece se consolidar neste filme recente que é inspirado em fato real, sua própria vida, quando nos anos 70 era garoto e sua família resolveu viver em uma comunidade dinamarquesa. Claro que nada tem a ver com a que chamamos hoje nos bairros pobres de nossas cidades. Aqui, é uma quase mansão, uma casa grande que pertence a um arquiteto (o famoso Ulrich Thomsen, que esteve em Mortdecal, Segunda Chance, Em um Mundo Melhor etc.). Junto com a mulher que é veterana apresentadora de TV e a filha quase adolescente, eles tentam viver juntos com outros casais e até um estrangeiro. Pena que os personagens não são muito bem desenvolvidos, principalmente os que não fazem parte do grupo central (o arquiteto logo se envolve com uma jovem aluna e o filho pequeno de outro casal logo anuncia que sofre de doença grave e deve morrer logo!). Claro que irão suceder crises e mais uma vez fica-se sabendo que esse estilo de vida não da certo (engraçado mas o diretor não parece querer colocar dedo na ferida, deixa tudo superficial). Apesar disso, o elenco é convincente e Vinterberg foi aprendendo com a experiência. Vale conferir.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.