RESENHA CRTICA - SRIE: Crisis in Six Scenes
triste assistir algo to infeliz e mal feito
Crisis in Six Scenes
EUA, 17. Direção de Woody Allen. Seis capítulos de 23 minutos. Escrito, dirigido e estrelado por Allen para a Amazon. Com Miley Cyrus, Elaine May, Joy Behar, Joe Magaro, Rachel Brosnahan, Mary Boyer, Margaret Goodman, Julie Halston, Rebecca Shulman, o comediante frances Gad Elmaleh, Nina Arianda, Christine Ebersole, Michael Rapaport, Deborah Rush.
Sou fã de carteirinha e desde o primeiro momento de Woody Allen, que numa longa carreira teve muitos momentos de glória e brilhantismo e ocasionais lapsos de fraqueza, já que com seu hábito de fazer um filme por ano, parece lógico que ocasionalmente trabalhasse em um projeto mais fraco e menos engraçado. O que é perdoável já que não existe nenhum contemporâneo como este incansável trabalhador com elenco de amigos e orçamento restrito. Foi a produtora Amazon, sim essa mesma dos livros e compras, quem o convenceu o fazer uma pequena série de apenas 6 capítulos com vinte e cinco minutos cada. Uma comédia caseira com pontas de amigos e onde ele naturalmente escreveu o texto, as piadas (as poucas que funcionaram), fez a direção precária praticamente num único cenário (uma casa familiar) e se atrapalhou todo num projeto lamentável. É triste assistir algo tão infeliz e mal feito. Até a Amazon percebeu isso e resolveu agora produzir o próximo filme dele, mas primeiro passando no cinema e depois sim pelo streaming deles! A notícia saiu esses dias e vai se chamar Wonder Wheel!
Espero que retornem os bons tempos e volte a usar o tempo de comédia e as frases inteligentes todas dispensadas aqui, onde Woody está com problemas de dinheiro e com sua mulher trapalhada que cede a casa para suas amigas que são modernosas e liberais (quem faz o papel da esposa é a veteraníssima diretora e humorista Elaine May, que escreveu filmes horríveis como o lendário Ishtar, adaptações melhores com A Gaiola das Loucas, Segredos do Poder, que lhe deu indicação ao Oscar e mais outro, O céu Pode Esperar de Warren Beatty.
Quem também está no elenco (e péssima) é Miley Cirus, que cresceu e engordou, ficou de voz grossa e ainda por cima foi mal filmada, como outra jovem que se revolva contra a família (o que seria coisa dos anos 70 ainda!). Há gritarias, confusões, mas tudo parece ter sido feito às pressas, coisa que nem filme brasileiro da época fazia. É triste e de chorar. Woody Allen não poderia fazer isso pelo simples prazer de ganhar mais grana! Comprometeu toda sua filmografia... Mia Farrow deve estar vibrando com isso...
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.