RESENHA CRTICA: O Castelo de Vidro (The Glass Castle)
Acho que a temtica muito indigesta para o espectador comum, que certamente ir se identificar com esta histria real
O Castelo de Vidro (The Glass Castle)
EUA, 17. 127 min. Direção de Destin Daniel Cretton. Roteiro de Cretton, Andrew Lanham, baseado no livro de Jeannette Walls (publicado em 2005, a autora era colunista de fofocas). Com Brie Larson, Woody Harrelson, Naomi Watts, Ella Anderson, Chandler Head, Max Greenfield, Josh Caras, Vlasta Vrana.
Não pude assistir antes este drama americano que me parece ter chance para indicações aos prêmios, até mesmo o Oscar para Naomi Watts (que tem colecionado bons momentos nos filmes mais variados e aqui faz uma mãe que não sabe criar os filhos e se dedica a pintura) e principalmente Woody Harrelson que faz tempo tem também acumulado diversas indicações (foi indicado por O Mensageiro em 09 e O Povo contra Larry Flynt, ainda em 96). E neste ano brilhou em Planeta dos Macacos a Guerra, a comédia dramática Wilson, Lost in London, que ele mesmo dirigiu e não passou aqui (17) e sem dúvida esta interpretação difícil e complicada, muito desagradável. Ah, tem ainda outro trabalho bem falado, Three Billboards Outside Ebbing Missouri (do inglês Martin Mognah).
O diretor Cretton (1978-) é havaiano, não é conhecido aqui por dois longas que realizou (Temporário 12, 13, que era com Brie Larson) e I´Am not a Hipster (12). Mas foi muito premiado em muitos Festivais pequenos e mais famosos como Los Angeles, Nantucket, 2 prêmios por Locarno, Georgia, Hamburgo, San Diego, Savannah, Seattle, Sundance. Destaque especiais para os curtas: Short Term, 12, Deacon´s Mondays, o documentário Drakmar. Mas o filme não rendeu nas bilheterias o esperado (não ultrapassou os nove milhões de dólares de renda, o que na verdade não é pouco para um filme tão dramático e difícil). Jennifer Lawrence esteve durante algum tempo contratada para este projeto. Assim como Mark Ruffalo e Claire Danes.
Acho que a temática é muito indigesta para o espectador comum, que certamente irá se identificar com esta história real, sobre uma família de nômades que vivem dispersos do mundo, fugindo do governo, sem frequentar a escola e seguindo as regras descontroladas do pai que vai se revelando a cada momento mais alcoólatra, mais violento e absurdo. A história é narrada pela filha mais velha, Jeanette (Brie Larson, vencedora do Oscar do ano passado, mas que até agora ainda não me convenceu, como aqui onde é sempre arrumadinha e cheia de posturas demais). Não é fácil se acompanhar os conflitos (a moça estuda e consegue fazer carreira bem-sucedida e vai casar com rapaz rico de boa família) embora o final tente ser positivo, inclusive alguns sobreviventes. O título se refere a um sonho do pai das crianças que gostaria de construir esse castelo de vidro. Muitos admiradores do livro acham que o filme romanceou e tornou tudo mais doce do que a realidade. Mas de qualquer não é uma história fácil de se consumir.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.