O Critico Andre Setaro

Escrevendo sobre cinema desde Salvador, na Bahia, Andre Setaro foi um destes humanistas de fei?ao universal

20/02/2023 04:32 Por Eron Duarte Fagundes
O Critico Andre Setaro

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Antes do escrito: André Setaro faleceu em julho de 2014, aos 63 anos, em Salvador, na Bahia. Foi um dos bons analistas de filmes do país.

 

Escrevendo sobre cinema desde Salvador, na Bahia, André Setaro foi um destes humanistas de feição universal: seus informes e análises respiram facilmente em qualquer quadrante onde possa circular o pensamento cinematográfico. É o que revela a reunião de sua obra crítica nos três volumes de Escritos sobre cinema; trilogia de um tempo crítico (2010). O primeiro volume, “Depoimentos/Filmes/Atores e diretores”, começa falando dele mesmo, Setaro, inclusive um encontro no Rio, durante o Festival Hitchcock de 1984 (o tal dos filmes impedidos de exibição durante décadas pelo próprio realizador), com o ator James Stewart, e depois derrama-se em Godard, Bergman, Rohmer, Hawks, revelando, enfim, entre atores e diretores, a necessidade de Alain Resnais e a magnitude de Marlon Brando. O terceiro volume trata da especificidade da linguagem cinematográfica, e o faz com brilho e profundidade, sem deixar de recorrer a seus mestres Moniz Vianna e Walter da Silveira. O volume do meio, o segundo, versa sobre seus conflitos com o cinema baiano, entre eles a figura iconoclasta de Edgard Navarro, que se apresentou nu ao crítico José Carlos Avellar e se indignou com Setaro que escreveu sobre os cineastas baianos um texto chamado “Os mendigos da boa vontade”.

André Setaro morreu. A força de seus pensamentos em texto penso que ainda esteja viva. Em seu sentido mais clássico da crítica cinematográfica, Setaro endossava um dito de seu antecessor Moniz Vianna, que largou a crítica quando soube da morte de John Ford, exclamando: “O cinema acabou.” Sim: Setaro era um pensador clássico; suas reservas ao cinema contemporâneo, mesmo o mais alto, e sua impaciência com os espectadores de centros comerciais (shoppings), que em certo momento ele chama “os pseudocinéfilos iguatemirizados”, são sintomas do reacionarismo do comentarista para os novos tempos. Mas o leitor pode facilmente esquecer este seu lado mais antigo ao debruçar-se em suas fecundas investigações de cineastas e filmes, alguns dos mais importantes da história do cinema. E poucos como ele sabem defender a grandeza do cinema como um todo: “Os personagens de Antonioni e Resnais gozam de uma psicologia cuja sutileza e profundidade não deve nada às dos heróis de Proust e Joyce e, desse ponto de vista, o cinema não tem mais que lamentar um complexo de inferioridade em relação à literatura.”

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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