OSCAR 2015 - RESENHA: Leviatã (Leviathan)

Um filme mediano e super estimado, basicamente uma discreta denúncia de que existe corrupção na Rússia

11/02/2015 16:13 Por Rubens Ewald Filho
OSCAR 2015 - RESENHA: Leviatã (Leviathan)

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Leviatã (Leviathan)

Russia, 2014. Direção: Andrey Zvyagintsev. Com Aleksey Serebryakov, Roman Madyanov, Vladimir Vdovichenkov, Yelena Lyadova

O que me incomoda neste filme mediano e super estimado é que basicamente é uma discreta denúncia de que existe corrupção na Rússia. O que tem provocado polêmicas e ameaças. O que deixa tudo ainda mais ridículo. Não se sabe o que o ditador local vai dizer, porque vai depender de seu interesse, não quer atrapalhar agora as chances que o filme tem de levar o prêmio. Se ganhar vai aumentar a fama e prestíigio (faz décadas que a Rússia não ganha um Oscar®, parece que desde Moscou Não Acredita em Lágrimas, de 1980, que por sinal era um melodrama de duvidosa categoria). Isso já dá uma ideia do que é o mundo de hoje (mas você teria que estar vivendo num asilo sem jornais para não perceber isso!). Enfim, não embarquei no filme, na verdade dos cinco candidatos ao Oscar é o único que eu rejeito. Mas sempre deixo a dúvida, não sou dono da verdade.

Quem fez o filme foi Andrey Zvyagintsev que também é roteirista e ator, nascido em 64, ficou conhecido antes com outro filme, The Return (03). Seu primeiro longa, chamado de O Retorno, um filme com imagens muito fortes (mais que aqui) passado num lago distante, sobre dois irmãos  pré-adolescentes em férias  que estão aprendendo a conviver com o pai que não viam há 12 anos quando uma coisa importante acontece que faz a situação mudar. Talvez para sempre. O que sucedeu porém é incrível. O filme só teria sido feito se achassem dois garotos excepcionais, no sentido de ótimos. Acharam  Vladimir Garin em São Petesburgo e Dobronravov em Moscou.

O menino que fazia Audrey deveria morrer pelo script. Mas o garoto Vladimir morreu em 25 de junho de 2003 logo depois de concluída a filmagem, isso num lago perto da locação. O choque foi tão grande (porque o menino era ótimo e sua interpretação tão forte, que eles esconderam a morte até a estreia do filme em Veneza. É de cortar o coração!).

Nada que se compare com aqui. Rodado em Teriberka, Murmansk em Oblast, Monchegorsk. Também lá, Kirovsk, idem, e Apatity, idem. Ou seja, o filme tem sido visto como uma parábola, onde um operário que tem uma bela casa no Mar Barents tem que enfrentar um político (corrupto) que deseja a casa para ele. Igreja, judiciário, governo, se unem para roubar daquele homem a melhor coisa que tem e preza. Enfim, veja e julgue.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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