OSCAR 2015 - RESENHA: O Jogo da Imitao (The Imitation Game)
Uma histria muito bem contada, impecvel no elenco e na direo
O Jogo da Imitação (The Imitation Game)
Inglaterra/ EUA, 14. 114 min. Direção de Morten Tyldun. Roteiro de Graham Moore baseado em livro de Andrew Hodges. Com Benedict Cumbertatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Rory Kinnear, Allan Leach, Charles Dance, Mark Strong, Matthew Beard.
Quero recomendar um bom filme contando mais uma vez uma historia real: O Jogo da Imitação dirigido pelo norueguês Morten Tylden e Indicado para 8 Oscars: filme ator Benedict, atriz Keira, direção, roteiro,montagem, desenho de produção e trilha musical.
Este filme britânico conta outra história real e como sucede em outros casos, que já teve outras versões. De qualidade. Falam muito bem de Micro Live, 87 feito para a TV com Derek Jacobi, depois refeita com o mesmo ator em 96 como Breaking the Code. Em 2011, teve The Turing Enigma, Codebreaker do mesmo ano, Le Code la Vie, 13, sem esquecer a competente versão chamada Enigma (Idem, 01), que não usava o nome do verdadeiro Alan Turing, vivido por Dougray Scott e tinha ainda Kate Winslet.
De qualquer forma, esta versão tem a sorte de contar com a presença de Benedict, que virou superstar na Inglaterra graças ao sucesso de sua série Sherlock (aliás, brilhante e o trabalho dele é excepcional). E a coragem de ir até o fundo, mostrando com uma figura genial de cientista Alan Turing, que alem de ser considerado um dos precursores do computador, também foi quem quebrou basicamente o quebra-cabeça que fez com a Inglaterra e por extensão os aliados, vencesse a Segunda Guerra Mundial. Explicando melhor, os nazistas haviam criado um sistema de código, chamado Enigma, que estava destruindo as frotas aliadas e que ninguém conseguiu decifrar (o filme não mostra, mas por sorte eles encontraram uma das maquininhas, fato contado no filme U 571 a Batalha do Atlântico, 2001, de Jonathan Mostow).
A partir dela convocaram cientistas jovens e atrevidos que tentaram resolver o mistério, embora fosse Turing o líder mais chato, mais problemático (era homossexual e por isso não quis se casar com a colega de trabalho, também brilhante, feita aqui por Keira Knightley). Também é muito interessante vendo o filme como eles resolveram agir mantendo o segredo mesmo sacrificando amigos e parentes. O mais chocante, porém, é que Turing foi condenado a prisão (na época ser gay era crime na Inglaterra) e obrigado a tomar remédios que acabaram por matá-lo. Suprema ironia: o sujeito que salvou milhões de pessoas durante a Guerra, não só britânicos, acabando sendo morte por mesquinharia e hipocrisia (já que obviamente mesmo sendo proibido não faltavam gays britânicos).
Portanto, uma história muito bem contada, impecável no elenco, na direção (o diretor Morten é norueguês e conhecido no Brasil por um bom suspense chamado The Headhunters) e muito irônica ao final.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.