Nick Cave 20 000 Dias na Terra (20.000 Days on Earth)
São admiráveis as canções e o trabalho da dupla de diretores vindo do mundo da Arte, passando uma atmosfera intima
Nick Cave 20 000 Dias na Terra (20.000 Days on Earth)
Inglaterra,14. 97 min. Direção de Iain Forsyth, Jane Pollard.
Sou mais familiarizado com Nick Cave através de notícias de jornais sobre suas frequentes visitas ao Brasil, isso já em décadas passadas. Mas não guardei grandes lembranças de sua carreira como ator, amigo de Brad Pitt, esteve em Johnny Suede, ainda em 1991, de Tom De Cillo e depois em O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, 07. Também escreveu o roteiro de A Proposta (The Proposition), de John Hillcoat, com Guy Pearce, Emily Watson e Ray Winstone (que faz uma aparição no filme no carro conversando com Cave). Naturalmente a maior parte de seu sucesso se deve ao grupo Nick Cave & The Bad Seeds que contribuíram para cerca de 50 trilhas sonoras.
Este documentário é centrado agora na cidade que ele vive chamada Brighton, que é na costa britânica (vista em muitos filmes), mas conforme ele mesmo diz é extremamente gelada com ventos sem fim. Mas para o leigo como eu, Cave aparece de forma muito natural, agradável, despretensioso, mostrando uma sensível figura musical. Começa no seu apartamento com a companheira (Susie Bick, mal se consegue percebê-la na cama) e pensando em voz off que nasceu em 1957, e portanto já chegou a 20 mil dias no planeta. Nada sucede de muito importante ate ele na parte final se apresentar num show para uma plateia pequena (ao menos, dos convidados reconheci apenas a sempre brejeira australiana Kylie Minogue, também no carro).
Cave é muito alto, moreno, de olhos caros e ainda mantém uma figura agradável. Não tenho informação suficiente para julgar este seu trabalho perante outros. Mas assisti o filme com interesse, admirei as canções e o trabalho da dupla de diretores vindo do mundo da Arte, passando uma atmosfera intima, que é tão bonita que por vezes parece ser artificial.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.