RESENHA CRTICA: Ningum Ama Ningum

Filme interessante, onde o elenco no bem escalado e ao diretor faltou mais coeso e mo leve

04/12/2015 22:04 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Ninguém Ama Ninguém

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Ninguém Ama Ninguém

Brasil, 15. 90 min. Direção de Clovis Mello. Roteiro de Rodrigo Vasconcellos baseado em textos de Nelson Rodrigues. Com Gabriela Duarte, Luana Piovani, Michel Melamed, Pedro Bricio, Ernani Moraes, Marcelo Faria, Branca Messina, Lidi Lisboa, Zezeh Barbosa, Telmo Fernandes, Antonio Fragoso, Deborah Olivieri, Paulo Reis.

Esta época do ano sempre foi considerada o pior momento para se lançar filmes (especialmente brasileiros) já que está todo mundo com a cabeça virada pensando em festas natalinas (ou seja, fazer compras, frequentar festas da firma, controlar o dinheiro que anda escasso). E para completar um evento importante, a estréia mundial do novo Star Wars que as pessoas estão esperando faz anos e com certeza devera arrasar a concorrência. Tem pouquíssimo espaço então para uma comédia como esta, feita por diretor pouco conhecido como diretor da firma de comerciais Da Cine (alguns trabalhos dele você pode conferir, no You Tube, o mais recente famoso é o das sandálias Alpargatas).

Este projeto abençoado pela família de Nelson Rodrigues (o filho é co produtor) cria um roteiro inspirado em várias histórias de uma coluna que o grande autor teve na imprensa, chamada A Vida Como Ela É (e que chegou a virar uma serie de curtas, por sinal muito bem feitos, para o Fantástico da Globo. Cheguei a comprar o DVD e curti muito o resultado). Aqui é tudo mais modesto, mas curiosamente a sessão que assisti tinha público razoável, mas quase todo feminino (que riu bastante embora o equilíbrio entre humor e drama no filme seja bastante precário). Enquanto visivelmente a produção foi feita pensando no masculino, já que tem com frequência cenas de nudez, aliás uma delas demonstrando a inegável beleza da mulata Lidi Lisboa.

Em vez de dividir em episódios, gênero que o Brasil se desacostumou, o filme conta a história meio semelhante de maridos e mulheres (estas quase sempre infiéis e sempre mais inteligentes e espertas que os homens). Infelizmente o elenco é irregular, a ponto de se destacar numa ponta de pouco mais de dois minutos Luana Piovani, em plena forma e timing perfeito.

Talvez tenha sido um problema também se fixar em cenografia de época, anos 50 (mas por que não colocaram na trilha musical canções da época, não é possível que elas custassem tanto assim!?). O fato que são poucos os atores que tem presença ou experiência para segurar os personagens (por isso o destaque num papel ingrato da figura enorme em vários sentidos, de Ernani Moraes, com um garçom que tenta conseguir penicilina para salvar a esposa de uma doença mortal!).

Gosto também de Gabriela Duarte, uma boa atriz muito pouco explorada, mas em regra geral o elenco não é bem escalado e ao diretor faltou mais coesão e mão leve. Ainda assim em tempos normais ou antigos, o filme poderia ter sido consumido por um público maior.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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