RESENHA CRTICA: Filhos de Bach
Produo alem, bem intencionada e bem feitinha com boas intenes em sua maior parte com jovens atores brasileiros (melhor do que voc imagina)
Filhos de Bach (Bach in Brazil)
Brasil, Alemanha,2016. Direção e Argumento: Ansgar Ahlers. Roteiro: Ansgar Ahlers e Söern Finn Menning .Elenco Principal: Edgar Selge (Marten), Pablo Vinicius (Fernando), Aldri Anunciação (Candido), Franziska Walser (Marianne), Stepan Nercessian (Diretor da instituição de menores), Thais Garayp (Dulce), Dhonata Augusto (Heitor). Atriz e Atores Convidados: Marília Gabriela (Ministra da Justiça), Peter Lohmeyer, Hans-Peter Korff.
Há muito tempo que não se via por estas bandas, filmes estrangeiros, geralmente europeus como esta produção alemã, bem intencionada e bem feitinha com boas intenções em sua maior parte com jovens atores brasileiros (melhor do que você imagina). Mas que não tem como de deixar ingênuo e antiquado, não sei se as crianças mais cínicas de hoje em dia terão paciência em se divertir com um filme mais indicado para avós e musicistas. O press-release é bastante claro e sem meias palavras dizendo: Este é o primeiro filme dirigido pelo alemão Ansgar Ahles que assume, sem meios tons, sua paixão pelo Brasil e a convicção de que a arte pode ser usada como poderoso instrumento de superação das dificuldades e integração entre culturas.
Filhos de Bach ganhou o prêmio de “Melhor Filme e Diretor Revelação” no Festival Internacional de Emden (Alemanha), além de ter participado de festivais em Hamburgo (Alemanha), Festival do Rio, Havana (Cuba), entre outros. A história é simplória ainda que jubilosa: Marten é um metódico professor de música na Alemanha que, logo após se aposentar, vê sua vida mudar ao receber a notícia (totalmente inesperada) de que herdou uma partitura original do filho de Johann Sebastian Bach. Só que a partitura está no Brasil, mais precisamente na cidade barroca de Ouro Preto, e Marten precisa viajar até lá para receber sua herança. Mas o Brasil não é para amadores: o músico alemão, acostumado à frieza e rigidez de sua terra natal, vaga pela cidade. Circunstâncias inesperadas, incluindo o sumiço da partitura, fazem Marten prolongar sua estadia em Ouro Preto. Uma sequência de imprevistos leva o professor a dar aulas de música para meninos de uma instituição. Os instrumentos de percussão e corda brasileiros se misturam perfeitamente a melodia de Bach: e o grupo de jovens músicos se torna um grande sucesso e é convidado a se apresentar num Festival em Bückeburg, na Alemanha. Agora são os “Filhos de Bach” que terão que se adaptar aos costumes alemães. Nos anos 1950, o filme teria chances de sucesso. Hoje infelizmente quem sabe numa TV educativa.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.