RESENHA CR�TICA: A Cidade do Futuro
Dif�cil n�o se envolver com a hist�ria e sinceridade da intriga


A Cidade do Futuro
Brasil, 2016. 1h16min. Direção e Produção: Cláudio Marques e Marília Hughes. Roteiro: Cláudio Marques. Fotografia: Gabriel Martins. Com Gilmar Araujo, Igor Santos, Milla Suzart.
Fico contente que a ação de uma assessora de imprensa que me mandou o Vimeo e me chamou a atenção para um filme que podia passar em branco. Seria um erro e uma pena, já que este A Cidade do Futuro chega com um certo atraso porque teve uma carreira internacional muito bem sucedida. E não é difícil entender porque. Este segundo longa da dupla de diretores baianos (fizeram antes Depois da Chuva, 1013, que não assisti) é um curto mas um sensível trabalho, que conta uma história muito brasileira. É uma boa ideia começar com imagens de arquivo revelando o fato histórico de populações inteiras foram retiradas de sua terra a força nas margens do rio São Francisco porque onde moravam iria se tornar apenas mais um lugar abandonado e sem futuro. O resumo oficial do filme é muito curto, talvez porque todo o filme é sobre gente que fala pouco, mas sabe o que quer. Dizem eles: em uma região marcado pelo machismo e a homofobia, Milla, Gilmar e Igor formarão uma família fora dos padrões. E basicamente é isso que acontece (embora o pôster do filme de certa forma já revela a conclusão, o que não é uma boa ideia. Ninguém gosta de não saber a conclusão antes de entrar no cinema).
Enfim, nada disso atrapalha a narrativa singela e tocante, sobre dois rapazes que se gostam e se namoram discretamente. Isso provoca a reação dos locais (embora o filme não toque mais profundamente sobre os fanáticos religiosos que hoje em dia são cada vez mais agressivos e frequentes). Há também uma moça que não tem problemas em ter relação ainda que passageira com outra garota, mas ela tem um caso com um dos rapazes que a engravida. Forma-se então um triângulo. Discreto (uma única cena de nudez masculina) talvez por isso mesmo que o filme funciona tão bem, difícil não se envolver com a história e sinceridade da intriga. O que também explica a quantidade de prêmios que incluem Melhor filme Latino-Americano no BAFICI, Buenos Aires, Melhor filme internacional no Newfest New York LGBT Film Festival's, Melhor filme Prêmio do Público no Olhar de Cinema Curitiba International Film Festival, Melhor filme brasileiro e melhor direção no 10º For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual. Mas na verdade merecia, graças a sua sensibilidade, ainda mais.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

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