Simbad e o Olho do Tigre
O sucesso de bilheteria do filme anterior levou os executivos da Columbia Pictures a trabalhar em um terceiro filme
Simbad e o Olho do Tigre
O sucesso de bilheteria do filme anterior levou os executivos da Columbia Pictures a trabalhar em um terceiro filme. O plano inicial era se afastar de algumas das criaturas mitológicas que haviam sido colocadas em filmes anteriores e usar animais pré-históricos mais reconhecíveis. O filme à princípio iria se chamar Simbad no fim do mundo (entenderam agora o título do terceiro Piratas do Caribe?).
Patrick Wayne e Taryn Power estrelam mais uma aventura do Simbad no cinema. Mas reparem só os sobrenomes. Sim...eles são filhos de John Wayne e Tyrone Power. Wayne, que estreou nos cinemas em Rio Bravo (com o pai), em 1950, atuou até o final dos anos 90. Já Taryn atuou em apenas 10 produções, sendo as mais reconhecidas, este Simbad e o Conde de Monte Cristo, de 1975, com Richard Chamberlain. O filme é dirigido por Sam Wanamaker. um ator bem conhecido do público, que também trabalhava do outro lado da câmera. Mas sua carreira é mais marcante na atuação.
Mas o filme, além de ser uma ótima diversão, também é reconhecido por mais um trabalho com a assinatura de Ray Harryhausen. Para quem não se lembra (ou não sabe), ele foi um artista britânico, designer, criador de efeitos visuais , escritor e produtor que criou uma forma de animação em stop-motion conhecida como "Dynamation". Harryhausen levou quase um ano e meio para fazer a animação vista no filme, e tudo à partir de seu próprio estúdio em casa. O animador foi forçado a criar até mesmo um babuíno, pois um animal real teria sido impossível de treinar.
A produção conta a história de Simbad, (Patrick Wayne), corajoso marinheiro e Príncipe de Bagdá, que sai em direção a Charnak com intenção de pedir ao Príncipe Kassim (Damien Thomas) para se casar com sua irmã, Farah (Jane Seymour). Mas Simbad descobre que Kassim está possuído por um feitiço de sua maligna madrasta, Zenobia (Margaret Whiting). Para quebrar a magia, Simbad tem que sair em uma jornada nunca antes realizada. Esperando por eles nesta perigosa viagem, estão uma variedade de bestas de bronze que vão além da mais delirante imaginação. Entre as criaturas estão o Minoton, um colosso de bronze, um gigante troglodita, um tigre com dentes de sabre, e um babuíno “quase humano”.
Miniton, que é uma mistura de "minotauro" com "autômato", guarda um segredo bem especial para os fãs de Star Wars. Peter Mayhew trabalhou por baixo da vestimenta, quando a criatura não era apenas efeito especial. Antes de filmar, Mayhew trabalhava como atendente de hospital no King's College Hospital, em Londres. O produtor Charles H. Schneer viu uma foto de Mayhew, na qual ele estava literalmente em pé acima da multidão e se interessou pela figura na hora. Filmado em 1975, este foi o primeiro papel de Mayhew, pouco antes de interpretar Chewbacca em Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança (1977), filmado em 1976. Ambos os filmes foram lançados em 1977 (mas ironicamente, Star Wars "foi lançado três meses à frente de" Simbad e o Olho do Tigre ").
Harryhausen disse certa vez que planejava que Simbad e sua tripulação lutassem contra um Yeti no Ártico, mas essa ideia acabou sendo rejeitada em favor de uma morsa gigante.
E afinal, quem foi Simbad?
A história de Simbad é conhecida a partir das "Mil e uma Noites", a célebre coleção de contos árabes traduzida pelo francês Antoine Galland e publicada entre 1704 e 1717. Sabe-se, porém, que a história de Simbad não estava originalmente na obra original e que a sua inclusão na história foi uma decisão arbitrária do autor francês (!!!). Atualmente considera-se que a história de Simbad seja um conjunto autônomo de contos que provavelmente nada tenham a ver com As Mil e Uma Noites.
Em finais do século XVII, Galland estava ativamente envolvido na tradução de obras orientais. Em 1696 havia terminado uma tradução da versão turca de Kalila e Dimna, e por volta de 1698 terminou de traduzir um manuscrito em árabe com a história das Viagens de Simbad, o Marujo. Os manuscritos do Simbad usados por Galland para sua tradução são oriundos do século XVII e não contém outras histórias associadas. Galland entregou uma cópia manuscrita do Simbad em francês à Marquesa d'O, filha do embaixador da França em Constantinopla, e conseguiu de sua protetora financiamento para a publicação da obra.
O Simbad, porém só seria publicado muito tempo depois, inserido no volume 3 das "Mil e uma noites". Ele fez sete viagens pelas terras e ilhas ao redor do Oceano Índico . Ele teve grandes aventuras, sobreviveu a numerosos perigos e adquiriu muitas riquezas durante suas viagens.
Sobre o Colunista:
Marcus Pacheco
Marcus V. Pacheco é jornalista, formado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cinéfilo, Editor de site, Colecionador e Escritor. Marcus já realizou vários curtas metragens e um longa chamado "O último homem da terra (2001)", baseado no conto de Richard Matheson. Escreveu também 30 e-books sendo 29 sobre cinema e um de ficção que está em fase inicial para publicação. Criador e editor do site "Tudo sobre seu filme (http://www.tudosobreseufilme.com.br/)" onde publica críticas, listas, aulas de cinema e curiosidades do mundo da 7ª arte há 4 anos, além de realizar entrevistas com atores, diretores, críticos e colecionadores do mundo todo.