5 Filmes Que Fazem Valer o Dia dos Professores
Lembremos aqui cinco filmes que mostram a luta desses defensores empenhados em garantir que as novas geracoes possam voar na direcao de um futuro melhor
Nunca antes o papel do professor foi tão testado quanto nesses tempos de pandemia. Nos reinventamos, nos esforçamos, nos readaptamos à sombra de um vírus mortal que nos tem levado a reavaliar todas as camadas da sociedade, e nelas a figura de profissionais da educação, incansáveis, inabaláveis em sua missão de iluminar o amanhã, mesmo que no momento o horizonte pareça tão pouco visível. Lembremos aqui cinco filmes que mostram a luta desses defensores empenhados em garantir que as novas gerações possam voar na direção de um futuro melhor. Não é fácil, mas vamos tentar.
O professor E.R. Braithwaite (1912 – 2016) escreveu sobre sua vida docente; e sua história foi adaptada às telas no clássico “Ao Mestre Com Carinho!” (1967). O protagonista foi rebatizado de Mark Thackeray e interpretado por Sidney Poitier, eternizado na canção “To Sir With Love”, cantada pela britânica Lulu, marcando gerações. O filme demorou quase um ano para ser lançado pelo estúdio da Columbia, devido ao seu conteúdo anti-racial em plena época de luta pela igualdade dos direitos civis nos Estados Unidos, um ano antes do assassinato de Martin Luther King. Era um negro afinal quem trazia a luz do conhecimento e a educação para uma escola predominante branca. Esse discurso racial tornou-se o tom principal do filme, principalmente quando a mãe de um aluno de cor morre e os colegas se sentem intimidados a comparecer no funeral devido ao sentimento racista imposto socialmente. É Thackeray quem lhes inspira a descobrir o valor do respeito e da amizade.
Se o papel de um professor é ser inspirador, melhor começar relembrando o idealista John Keating, interpretado pelo saudoso Robin Williams em “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989). Sua paixão por literatura o leva a ensinar a seus alunos valorosas lições sobre a importância do pensamento livre, de valorizar cada minuto. O filme popularizou a expressão latina “Carpe diem” e despertou muitos para as belas poesias de Walt Whitman e Henry David Thoreau, autores do século XIX cujos trabalhos são de alcance e beleza atemporais. Williams, na ocasião, revelou que interpretou Keating com a convicção de que este seria o tipo de professor que adoraria ter tido. No final, a sequência dos jovens de pé sobre as mesas ao som do brado “Oh Capitão, meu Capitão!” levou muitos, incluindo eu mesmo, às lágrimas e à constatação de que plantamos sementes nos corações daqueles cujas vidas tocamos.
Envolvente é a aula de História de William Hundert, personagem de Kevin Kline em “O Clube do Imperador” (2002). Hundert é de uma ética admirável e vive à flor da pele todo o valor da visão histórica, ligando presente e passado em suas aulas para moldar o carácter dos jovens de forma construtiva, direcionando suas vidas para um futuro melhor através de uma competição sobre a antiga Roma. Esse papel moralizador, ainda que falível e vulnerável, torna a docência ainda mais fascinante mesmo que não desfrutemos os louros da vitória em nossa dura realidade.
Sacrifício é assim parte indissociável da alma deste profissional que forma todos os profissionais, que passa pela vida de cada um de nós e pode mudar o curso de vidas. O exemplo da professora Erin Grumwell, que sofreu perdas pessoais, mas nunca desistiu de ensinar seus alunos a importância da leitura. Fato real, adaptado para as telas em “Escritores da Liberdade” (2007), sua história se tornou um belíssimo filme estrelado pela oscarizada Hillary Swank, onde sua devoção cria um elo de confiança precioso com alunos marginalizados da periferia de Los Angeles. Desfavorecidos por sua condição social, desiludidos com o futuro e atraídos pela violência de gangues e drogas, os alunos de Erin gradativamente se permitem abrir seus olhos para a importância da educação, enquanto Erin briga com diretores e professores descrentes a dar uma chance real para o grupo, que passa a escrever sua experiência pessoal em diários vindo a ser publicados, inspirados no exemplo de Anne Frank. Erin consegue inclusive trazer para sala de aula Miep Gies, a mulher que abrigou a pequena Anne e seus pais num gesto de coragem e humanidade. A figura de Grumwell foi um divisor de águas na vida daqueles jovens e continua a colher seus frutos através da “Freedom Writers Foundation” que amplia o alcance de seu trabalho para outros.
Entre os mestres da vida real que inspiraram os mestres da ficção temos o professor Jaime Escalante, que em 1982 estabeleceu um programa de estudos em que alunos marginalizados e com dificuldade de aprendizagem, aprenderam álgebra e cálculo contra todas as expectativas ao contrário. Sua história foi contada em “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver) de 1988, vivido pelo excelente Edward James Olmos.
Não devemos esquecer que antes de alguém se tornar médico, engenheiro ou advogado, todos tiveram um professor a nos guiar pela escuridão da ignorância. Essa figura, como diz a letra da canção “To Sir With Love”, “nos leva do giz ao perfume, escreve no céu com letras garrafais o amor” e, como os Portugueses sabiamente batizaram esse clássico em terras lusitanas “O Ódio gerou o Amor”. Não poderia ser mais apropriado.
Texto dedicado ao mestre Rubens Ewald Filho, meu mentor e ao professor Altair Monteiro dos Santos, ambos saudosos amigos.
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com