Livro: Charles Walters The Director Who Made Hollywood Dance

Livro resgata o genial diretor de musicais Charles Walters dentre os melhores do gênero

16/03/2015 16:03 Por Rubens Ewald Filho
Livro: Charles Walters The Director Who Made Hollywood Dance

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Charles Walters The Director Who Made Hollywood Dance, de Brent Phillips. Editora Screen Classics University Press of Kentucky.

Quem diria que é justamente a Universidade do esquecido Kentucky que esteja reeditando livros importantes de cinema que estavam esgotados. Como este aqui que finalmente faz justiça a um dos maiores realizadores de musicais de Hollywood, e que merece seu lugar ao lado de Vincente Minnelli, George Sidney e Stanley Donen/Gene Kelly dentre os melhores do gênero.

Se Minnelli foi sempre considerado o gênio do musical, por causa de seu bom gosto no uso de cores e enquadramentos, ele também era irregular na direção de atores, nem sempre dava energia e ritmo a narrativa. E quando o roteiro não funcionava, simplesmente desistia de salva-lo. É muito provável que Charles Walters tenha sido o mais completo deles, simplesmente porque tinha uma vocação incrível para simplificar problemas, cercar de atenção os astros mais difíceis (basta dizer que Judy Garland era sua amiga íntima e foi o próprio Walters quem dirigiu aquele célebre show em Nova York, onde ela voltou ao sucesso, sozinha no palco, no que é considerado o grande momento de sua carreira. Tudo por causa de Charles, que também a conduziu por outros êxitos, como Casa, Comida e Carinho e Desfile de Páscoa). E foi ainda o melhor amigo de Lucille Ball, quem a dirigiu nos últimos shows de TV depois que teve que se refazer do mega fracasso de Mame! E só para lembrar confidente e protegido de Gloria Swanson, Debbie Reynolds (que dirigiu na indicação ao Oscar dela, A Inconquistável Molly), Esther Williams (com quem fez os melhores musicais aquáticos da estrela), June Allyson (trabalharam juntos na Broadway quando ele foi dançarino, aliás junto com Betty Grable, que ele adorava mas nunca conseguiu chamar para um trabalho, em parte porque ela era viciada em corridas de cavalos!). De Sinatra a Doris Day, a dupla Fred Astaire /Ginger Rogers (foi ele quem dirigiu o décimo e ultimo filme deles e desmente que os dois se odiassem, apenas Fred que era inseguro e Ginger não tinha formação de dançarina (mas quando Astaire, o maior dançarino do mundo, não tinha certeza de que era ótimo. Isso nos consola pobres mortais muito!) .

Acho interessante as pessoas não saberem de quem se trata Walters Walters e o livro conta detalhes da vida na Broadway, depois muitos anos na MGM e sua vida particular aberta e assumida, mas também discreta. O filme eu importei pela Amazon, o que ainda é possível, só os CDs e DVDs que se tornaram caros demais pelas taxas e impostos.

Saiba um pouco mais sobre Charles Walters (1911-1982): Diretor e coreógrafo americano, tão importante nos musicais da Metro quanto Minnelli ou Donen. Nascido em 17 de novembro, no Brooklyn, em Nova York, se formou na Universidade do Sul da Califórnia, foi ator e dançarino até 1942, quando ingressou na Metro como coreógrafo, aparecendo ocasionalmente como ator (como em seu próprio filme Se Eu Soubesse Amar, quando Joan Crawford exigiu sua presença em cena). Entre os filmes que coreografou estão: Du Barry era um Pedaço (Du Barry was a Lady); Louco por Saias(Girl Crazy); Agora Seremos Felizes(Meet me in St Louis); Ziegfeld Follies; As Garçonetes de Harvey(The Harvey Girls); Idílio para Todos (Summer Holiday), A Rainha dos Corações (Best Foot Forward), Viva a Folia! (Broadway Rhythm), Aqui Começa a Vida (Week-end at the Waldorf), Lilly, a Teimosa (Presenting Lily Mars) etc.

Isso para não entrar muito em detalhes, mas foi ele também quem coreografou aquela incrível cena de dança de salão com milhares de figurantes (era o que parecia ao menos, em Desde que Partiste, de David Selznick). E outros como À Meia Luz, com Ingrid Bergman, foi diretor de números musicais do Estúdio 1943 a 46, assumindo depois como realizador até resolver se aposentar em 1964. Isso explica porque ficou meio esquecido embora fosse tão bom ou mesmo melhor do que os rivais.

Seus melhores trabalhos: Desfile de Páscoa, Lili(que lhe deu a única indicação ao Oscar e também ganhou premio em Cannes), Jumbo, A Inconquistável Molly. Quando decaiu o gênero musical, também acabou sua carreira. Porém merecia ser mais lembrado. Fez ainda episódios das séries Here´s Lucy (71, com Lucille Ball), The Governor and J.J. (70) e dois telefilmes. Assumido homossexual, morreu de câncer no pulmão, em Malibu, na Califórnia. Como era costume na época, foi chamado para completar ou modificar sem crédito, Nua no Mundo, 61 (que dizia ser horrível e onde teve que refazer os diálogos de Gina Lollobrigida), o faroeste Cimarron, 60, de Anthony Man e principalmente Gigi, 58 (como favor ao estúdio e sua amiga Leslie Caron, de Lili). Foi ele quem dirigiu The Night They Invented Champagne e fez a edição final dos números Gaston's Soliloquy, com Louis Jourdan, a despedida Thank Heaven for Little Girls com Hermione Gingold, uma nova versão de Waltz at Maxim's (She Is Not Thinking of Me) e nova cena inicial com o casal Leslie e Louis.  

 

Filmografia

Diretor: 1945 – Spreadin’ the Jam (CM). 1947 - Tudo Azul (Good News. June Allyson, Peter Lawford). 1948 – Desfile de Páscoa (Easter Parade. Judy Garland, Fred Astaire). 1949 – Ciúme, Sinal de Amor (The Barkleys of Broadway. Ginger Rogers, Fred Astaire). 1950 – Casa, Comida e Carinho (Summer Stock. Judy Garland, Gene Kelly). 1951 – Os Três Xarás (Three Guys Named Mike. Jane Wyman, Van Johnson). A Sereia e o Sabido (Texas Carnival. Esther Williams, Red Skelton). 1952 – Ver, Gostar e Amar (Belle of New York. Fred Astaire, Vera-Ellen). 1953 – Salve a Campeã (Dangerous When Wet. Esther Williams, Fernando Lamas). Lili (Idem. Leslie Caron, Mel Ferrer). Se Eu Soubesse Amar (Torch Song. Joan Crawford, Michael Wilding). Fácil de Amar (Easy to Love. Esther Williams, Van Johnson). 1955 – Sapatinhos de Cristal (The Glass Slipper. Leslie Caron, Michael Wilding). Armadilha Amorosa (The Tender Trap. Frank Sinatra, Debbie Reynolds). 1956 – Alta Sociedade (High Society. Frank Sinatra, Bing Crosby). 1957 – Não Caia n’Água Marujo (Please Don’t Go Near the Water. Glenn Ford, Gia Scala). 1959 – Elas Querem é Casar (Ask Any Girl. Shirley MacLaine, David Niven). 1960 – Já Fomos Tão Felizes (Please Don’t Eat the Daisies. Doris Day, David Niven). 1961 – Dois Amores (Two Loves. Shirley MacLaine, Laurence Harvey). 1962 – A Mais Querida do Mundo (Billy Rose’s Jumbo. Doris Day, Jimmy Durante). 1964 – A Inconquistável Molly (The Unsinkable Molly Brown. Debbie Reynolds, Harve Presnell). 1966 – Devagar, Não Corra (Walk Don’t Run. Cary Grant, Samantha Eggar). 1975 - Three for Two (Lucille Ball, Jackie Gleason. TV). 1976 - What Now, Catherine Curtis? (TV. Lucille Ball, Art Carney).

 

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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