O MUNDO VAI ACABAR! MAS ANTES DISSO...
Conheça a lista de filmes que trataram do assunto, assista a quantos puder até então! E se o mundo não acabar, vale mesmo assim uma revisão. Depois de uma boa dose de otimismo e humor.
“Anunciaram o mundo ia se acabar” já dizia a famosa canção de Carmen Miranda e a coitada como disse “beijou na boca de quem não devia e o mundo não se acabou”. Pois é, cá estamos nós novamente passando por isso e tem gente ainda que acredita e tem medo. Sem se dar conta que o fim do mundo foi e continua sendo a mesma arma que o governo Bush usou para ser reeleito e continuar no poder, justificar no poder.
Durante a maior parte da minha vida existia a Guerra Fria e o medo contínuo de um conflito nuclear entre as duas potências Estados Unidos e União Soviética, agora o medo do Terrorismo, por sinal, muito mais concreto. Mas provocar medo nas pessoas sempre foi a maneira mais fácil de administrar e se manter no poder. E muitas vezes fazer dinheiro... já que o cinema evita os alertas, as histórias trágicas de seitas que se matam de forma ritualística (estilo Jim Jones) para se concentrar em propagar o mito do fim do mundo. E certamente pode suceder, mas daqui a muitos milhões de anos a não ser que os seres humanos apressem a destruição do planeta.
São tantos os filmes sobre esse tema que nem tenho a pretensão de fazer um levantamento de todos eles. Apenas alguns que ficaram na memória.
Dos filmes da Guerra Fria, a sátira clássica de Kubrick, Doutor Fantástico (Doctor Strangelove, 64), onde um general americano enlouquece e ordena ataque a URSS e que finaliza com uma corrida as cavernas. No mesmo ano Limite de Segurança (Fail Safe), de Sidney Lumet, contando história semelhante, só que a sério. Mas houve outros: Nunca esqueci O Diabo, a Carne e o Mundo (The Devil, The World and the Flesh), 59, de Ranald MacDougall, em que uma mulher Inger Stevens e dois homens, um negro Harry Belafonte e o branco Mel Ferrer, são os únicos sobreviventes do holocausto atômico (as imagens dos 3 na Nova York deserta foram impressionantes). Depois a mesma ideia foi usada em Mortos que Matam (The Last Man on Earth), 64 (feito na Itália com Vincent Price, por Sidney Salkow). A mesma história do mestre Richard Matheson em que os sobreviventes virão vampiros ou coisa que o valha seria refeita como A Última Esperança da Terra, 71 com Charlton Heston, A Batalha dos Mortos, e Eu Sou a Lenda, com Will Smith.
Foi um dos precursores da moda o Os Últimos Cinco (Five, 51), do diretor radio Arch Oboler, que era exatamente isso, a historia dos 5 sobreviventes. Outro parecido foi Ladybug, de Frank Perry, sobre alunos de escola rural que não sabem se o ataque atômico é real ou não. Naturalmente, antes em 59 Stanley Kramer já tinha feito um filme definitivo sobre o tema que não mostrava ataque nenhum apenas as consequências e o último lugar a ser exterminado (a Austrália) foi A Hora Final (On The Beach, que tinha um elenco all star: Gregory Peck, Ava Gardner, Fred Astaire, Anthony Perkins).
O Dia Seguinte, (The Day After, 83), feito para a tevê foi mais explícito e campeão de audiência, dando origem a imitações (como a série Jericho). Mais de uma forma ou outra o mundo também se acabava em muitos outros filmes, uma praga matava em 12 Macacos, de Terry Gilliam. Mas de qualquer forma, a Terra virava Planeta dos Macacos, (Planet of the Apes) de 68, de Franklin J. Schaffner e sua ruim refilmagem de 2001. O Menino e seu Cachorro (A Boy and his Dog, 75), com Don Johnson, foi dos primeiros que mostravam a vida no após apocalipse que virou moda depois da serie australiana Mad Max.
No clássico, O Dia em que a Terra Parou, (The Day The Earth Stood Still, 51) de Robert Wise, um ET é capaz de fazer exatamente isso que o título diz (não falemos da ridícula refilmagem). Não assisti à um filme canadense (aliás, um dos vários) chamado A Última Noite (Last Night, de Don McKellar, 98, que era justamente sobre isso, um grupo de pessoas que espera o fim do mundo). Não precisava recordar o oportunista 2012, de Rolland Emmerich, que foi feito em 2009 e imitado depois por vários outros menores (2012 - O Ano da profecia, etc.). Este famigerado Emmerich é o mesmo que fez outros apocalipses (O Dia depois de Amanhã, Independence Day, e até o infeliz Godzilla americano).
Já estou ficando cansado de repetir nomes e certamente vocês de lerem, mas enfim, vamos adiante: Armaggedon de Michael Bay, 98, o mesmo do futurista A Ilha e a trilogia Transformers, que desejam dominar o mundo de qualquer forma, o musical A Pequena Loja dos Horrores, onde na versão do diretor as plantas do tipo Audrey II que querem dominar e destruir a Terra, Zumbilândia, (Zombieland), de Ruben Fleischer (claro que eram Zombies que tentavam dominar a Terra), O Exterminador do Futuro I, de 84, e II, de 02, de James Cameron (um assassino robot vem do futuro onde há guerra entre os homens e maquinas), A Noite dos Mortos Vivos (Night of the living dead), de 1968, de George A. Romero, o primeiro e que depois seria refeito várias vezes e com variantes pelo mesmo diretor especialista em zumbis!
A Terra Tranquila, (The Quiet Earth), de Geoff Murphy, era sobre homem que acorda e se encontra sozinho no mundo. Mira cle Mile é o nome de bairro de Los Angeles e deste filme de 88, de Steve de Jarnatt, sobre homem que ouve por acaso a notícia de que dali a minutos bombas começarão a cair no local. Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead ), de Edgar Wrightk (meu favorito, zombies para rir). Guerra dos Mundos ( The War of the Worlds) de 53, baseada en H. G. Wells, dirigida por Byron Haskin (Tem o do Spielberg em 2005 também e variantes como Marte Ataca, de Tim Burton e naturalmente a série de tevê).
Não sei por que O Abrigo (Take Shelter) de Jeff Nichols sai aqui apenas em Home Video, é uma variante alucinatória do tema bem interessante. O último filme do muito doente russo Andrei Tarkovsky foi O Sacrifício (Offret de 86), em que um homem tenta se sacrificar para impedir a Terceira Guerra mundial. O recente A Estrada (The Road), de John Hillcoat foi outra variante forte no após-apocalipse. Não vi 4:44 - Ultimo dia Na Terra (Last Day on Earth), do junkie Abel Ferrara (o último dia de um casal antes do fim do mundo). Mas da Inglaterra veio bons exemplares como 28 Dias Depois (28 Days Later, de 2002), Danny Boyle sobre epidemia de zombies. Filhos da Esperança (Children of Men, de Alfonso Cuarón) em que os homens não podem mais procriar. O terror O Segredo da Cabana, (The Cabin in the Woods) de Drew Goddard, escrito pelo prestigiado Joss Whedon (não vi, passa como me informaram), o clássico de arte La Jeeté (O Pier, esta no DVD Sem Sol) de Chris Marker, o desenho francês Planeta Fantástico (Le Planete Sauvage) de René Laloux, a animação da Pixar, Wall-E, o polêmico, mas realmente assustador por varias razões, Melancolia (Melancholia) de Lars Von Trier, A Ultima Onda (The Last Wave), australiano, de Peter Weir, Invasion of the Body Snatchers (1956 - Vampiros de Almas / 1978 - Os Invasores de Corpos) - Don Siegel e Philip Kaufman (respectivamente e depois refeito ainda outras vezes, sobre ETs que tomam os corpos dos humanos). Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (Seeking a Friend for the end of the World, de Lorena Scafaria), dos recentes, o meu favorito, bem-humorado e até romântico.
Ainda faltam muitos, o IMDB lista 399 títulos só como End of the world. E afirma serem “The Best”. Eles recordam de Donnie Darko, The War Game, Akira, O Quinto Elemento, Sunshine, O Dia em que a Terra se Incendiou, 61, de Val Guest, O Fim do Mundo (When Worlds Collide, 51), de Rudolph Mate, notável porque na época foi dos primeiros a mostrar o mundo realmente acabando!, A Árvore da Vida), Ciao, Maschio (68, de Ferreri), Star Trek – o Filme (79), Black Moon, 75, de Louis Malle, A Fuga do Planeta dos Macacos (o mundo se acaba e para continuar a série tiveram que fazer prólogos!), O Mundo caminha para o Fim (Satan Bug, 69), A Sétima Profecia, de Carl Schultz (88), Southland Tales, O Núcleo (The Core), de Jon Amiel, Meteoro (Meteor, 79, de Ronald Neame), Impacto Profundo (Deep Impact, de Mimi Leder, 98) e muitos outros.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.