RESENHA CRTICA: Mia Madre (Idem)

bom avisar que no se trata de uma comdia ou mesmo stira como o diretor est acostumado a fazer

14/12/2015 10:01 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Mia Madre (Idem)

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Mia Madre (Idem)

Itália, 15. 106 min. Direção e roteiro de Nanni Moretti. Co-roteirista Valia Santella, Francesco Piccolo. Com Margherita Buy, John Turturro, Giulia Lazzarini, Nanni Moretti, Beatrice Mancini., Stefano Abbati.

É bom avisar que não se trata de uma comédia ou mesmo sátira como o diretor está acostumado a fazer. Mas um drama lento e pouco bem humorado que é também autobiográfico. Embora Moretti esteja no elenco como de costume, aqui seu papel é secundário, faz o irmão da protagonista que é uma diretora de cinema (feita pela já veterana estrela italiana Marguerita Buy) que está em plena filmagem (a cena inicial é bem interessante uma multidão em protesto avança contra os policias armados e alguns tentam invadir a fábrica. É quando se revela que tudo não passa de uma filmagem). Segundo ele o lado mais autobiográfico de todos é o sentimento que Margherita sente, de não ser competente para o trabalho, não conseguir se comunicar com os outros e pior, nem se interessar pelos outros, incluindo a filha adolescente. E é assim que ele se sente quando dirige um trabalho.

Moretti aproveitou o que sucedeu realmente com sua mãe, para a situação básica. Mas durante uma filmagem a diretora jamais teria tempo para ficar visitando a mãe, jantar com o ator convidado americano que fala mal italiano e se acha no dever de fazer piadinhas sem graça (o papel é de John Turturro, um dos poucos americanos que falam italiano!). O grande problema para mim é que se torna difícil para o espectador se identificar ou mesmo gostar da diretora, que esta sempre chorando, com cara de entediada. Ou seja, ela seria uma má diretora e o filme resultaria numa droga (não ficamos sabendo do que ela teria feito antes). Não é uma figura admirável mas uma chata, que acarinhada por todos não sabe corresponder.

Nanni tem o papel do irmão que é ainda mais ingrato, fornecendo informações ao espectador mas sofrendo do mesmo bloqueio de sensibilidade. A gente pensa nos antigos filmes italianos, em Rocco e Seus Irmãos, onde todos se expunham e gritavam e choravam se agarrando uns aos outros. Francamente prefiro isso do que este filme morno e ate aborrecido que tem medo de comover e resolver situações. De qualquer forma, Moretti parece ter feito paralelos com sua vida. Sua mãe Agata, morreu em 2010 quando ele terminava Habemus Papam. Era professora de línguas clássicas latim e grego. O carro que Margherita dirige é do próprio Moretti, os livros nas estantes são da família e Guilia, que faz a mãe, usa nos hospital as roupas da mãe Agata. Para ele o momento mais comovente é a cena em que a neta ouve a chamada do hospital entende o que houve mas prefere se esconder como cobertor.

Madre Mia ganhou em Cannes apenas um prêmio ecumênico. Levou o premio David de Donatello de atriz Margherita e coadjuvante Giulia (a mãe). E teve mais 8 indicações. Marguerita também foi melhor atriz dos críticos italianos.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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