RESENHA CRTICA: Uma Longa Queda (A Long Way Down)
Filme de humor negro, com bom elenco, mas segundo Rubens Ewald Filho fica devendo
Uma Longa Queda (A Long Way Down)
Inglaterra,França, 14. 96 min. Direção de Pascal Chaumeil. Com Pierce Brosnan, Imogen Poots, Aaron Paul, Rosamund Pike, Toni Colette, Sam Neill.
Ia ser lançado diretamente em Home Vídeo (o que hoje em dia significa a morte sem apelo ou chance), quando alguém na distribuidora acordou para o fato de que se trata de uma adaptação de um livro de um escritor que é Cult no Brasil, o inglês Nick Hornby (de quem foi filmado Febre de Bola, 97, Alta Fidelidade, 2000, Um Grande Garoto, 02, que agora virou serie de TV americana, Educação, 09, e Amor em Jogo, 09). Ou seja, ele tem um público, aliás merecido, tem um texto fluente, bem humorado, critico e muito oportuno sempre.
A única dificuldade é que aqui ele trabalha com humor negro, que é um estilo que nem sempre o brasileiro está disposto a encarar. Por outro lado, o elenco reunido é muito bom e vai desde o rapaz de Breaking Bad (Aaron Paul, que por sinal encontra aqui a mesma Imogen Poots, que lhe faria par em Need for Speed!) até o ex-James Bond Brosnan e ótimas atrizes (Toni Colette, Rosamund Pike). Até mesmo o diretor francês já fez antes comedias respeitáveis como Como Arrasar um Coração, 10 com Romain Duris e Vanessa Paradis, Um Plano Perfeito com Diane Kurys, 12 e antes disso foi assistente de direção de Luc Besson). Johnny Depp foi quem primeiro comprou os direitos do livro, mas depois desistiu. Emile Hirsch ia fazer o papel que depois foi para Aaron.
Tudo começa numa noite de Reveillon em Nova York, quando quatro pessoas se encontram por acaso no alto de um edifício, todos eles com a mesma intenção de se jogarem do alto do prédio. O mais famoso deles é um apresentador de programas na TV que se envolveu num escândalo sexual e viu sua vida arruinada e carreira destruída. Imogen é a filha de um político, Toni é a mãe solteira que cuida do filho que sofre de doença terminal e Aaron é um desiludido entregador de pizzas. O fato é que eles se encontram e fazem um pacto não se matarão ao menos até o próximo dia dos namorados (São Valentim, que nos EUA é em fevereiro). Na verdade, passam a se frequentar e se ajudar.
A verdade, porém é que o elenco é melhor que os personagens e o próprio roteiro não sabe muito bem como explorá-los. Depois que eles se revelam tudo se torna previsível e até sentimental. Nem mesmo quando a historia se torna pública e eles ficam famosos, nada de muito interessante sucede. Dá para assistir, mas ficam devendo os atores e o autor.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.