OSCAR 2014: Mandela (Mandela:Long Walk of Freedom)
Lançado apenas em Home Video, concorre ao Oscar® de melhor Canção, composta pelo U2, vencedora do Globo de Ouro
Mandela (Mandela:Long Walk of Freedom)
Inglaterra, 13. Direção de Justin Chadwick. 141 min. Roteiro de William Nicholson, baseado na autobiografia de Mandela. Com Idris Elba, Naomie Harris, Terri Pheto, Riaad Moussa, Tony Kgoroge, Jamie Bartlet.
Assim que perceberam que este filme não tinha chance em concorrer nas categorias principais do Oscar® a distribuidora Sony resolveu lançá-lo no Brasil apenas em Home Video. O que hoje em dia significa condenação ao exílio (ninguém vai tomar conhecimento). Mesmo assim tem sua última chance porque foi indicado ao Oscar® de canção com a música, Ordinary Love, que foi composta por Bono, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen Jr, que já ganhou o Globo de Ouro da categoria. E tem sem dúvida chance de ver, já que U2 tem legião de fãs fieis (concorreram antes por The Hands that Build America/Gangues de Nova York em 2003, mas não levaram).
Embora pudesse ter sido ajudado pela morte recente de Nelson Mandela aos 95 anos, quando estava estreando nos EUA, o filme longo (duas horas e 19 minutos) não pegou por lá (a renda foi 8 milhões de dólares e mais 15 no exterior). Imagino que também por excesso de competição, com os especiais e noticiários de TV.
Além disso, este filme de Justin Chadwick (branco, que fez A Outra, ele substituiu Tom Hooper de O Discurso do Rei previsto antes para o projeto ) apresenta como protagonista um excelente ator britânico, Idris Elba (cuja família veio de Sierra Leone que estrela a boa série policial britânica Luther!). Até o próprio Idris admite que não se parece nada com Mandela e não faz o menor esforço para isso. Também o roteiro é extremamente convencional sem nenhuma novidade. Apenas contando sua longa trajetória desde quando era criança numa vila do interior, até ser eleito e tomar posse como o primeiro presidente negro da África do Sul. Naomie Harris faz sua polêmica e agressiva mulher Winnie (muito deixa de ser comentado sobre ela).
Contam que o projeto levou 16 anos em gestação, passou pelas mãos de Denzel Washington e teve 50 versões de roteiro. Outro detalhe: já houve ao menos duas outras biografias dele recentes, Invictus (09) de Clint Eastwood com o muito parecido Morgan Freeman e Mandela (Goodbye Bafanag, 07) com Dennys Haysbert. Esta ficou longe de ser a definitiva.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.