RESENHA CRTICA: At o Fim (All the Way) - HBO
Filme produzido e exibido pela HBO tem bom elenco e produo de Spielberg
Até o Fim (All the Way)
EUA, 16. 132 min. Direção de Jay Roach. Roteiro de Robert Schenkkan. Baseado em peça de sua autoria. Com Bryan Cranston (Lyndon B.Johnson), Anthony Mackie (Martin Luther King), Melissa Leo (Lady Bird), Bradley Whitford (Hubert Humphrey), Stephen Root (J. Edgar Hoover), Frank Langella (Senador Richard Russell). Produção HBO em cartaz no canal.
Esta é uma produção de Steven Spielberg. Depois de ter feito sucesso na Broadway (Bryan foi indicado ao Tony em sua estreia no palco de Nova York), este texto foi produzido para a HBO pelo diretor Jay Roach (que fez filmes mais leves como Entrando numa Fria e Austin Powers) que por sinal também foi o produtor de Trumbo - Lista Negra que deu indicação ao Oscar ao hoje célebre Bryan Cranston (Breaking Bad). Mais um desafio para o ator que tem se consagrado como versátil e carismático (para ver como a indústria é injusta, durante anos Cranston foi coadjuvante de comédias de TV como Malcolm. Na verdade ele não é tão parecido assim com o vice-presidente americano Lyndon B. Johnson, que era o vice de John Kennedy, quando este foi assassinado em Dallas. De repente, tudo mudou e ele se sentiu na obrigação de tornar realidade os projetos que Kennedy tinha planejado, mas estava longe de conseguir, mais explicitamente o voto para os negros!
Pasmem os mal informados mas até meados dos anos 60 nos EUA os negros não podiam votar, aliás dentre outros absurdos difíceis de acreditar. O filme tenta mostrar isso sem acentuar as ironias (porque poderia ser transformado numa terrível sátira), mas sem tornar L.B.J. um grande herói. Já houve muitos outros telefilmes sobre o assunto mas poucos como este revelando a velha raposa da política, que só por essa habilidade de controlar deputados e senadores, conseguiu esse feito extraordinário (como não tinha boa saúde depois também se recusou a continuar na política). E logo depois foi seguido por uma fase ainda mais infeliz com a presidência do infame Richard Nixon.
Até o fim evita lições políticas ou aprofundamentos pessoais (a vencedora do Oscar Melissa Leo faz sua esposa discretamente) e por vezes da para lamentar que o longa não tenha seu lado Veep (a serie de comédia da mesma HBO que é uma sátira muito divertida e implacável sobre os governantes americanos!). Mais parece um projeto para garantir a Cranston mais uma indicação aos próximos Emmys e SAGs.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.