RESENHA CRTICA: Terceira Pessoa (Third Person)

Estranho a definio do filme internacional do premiado roteirista e diretor canadense Paul Haggis

10/03/2015 13:00 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Terceira Pessoa (Third Person)

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Terceira Pessoa (Third Person)

Inglaterra, EUA, Alemanha, Bélgica, França, 2015. 137 min. Direção e roteiro de Paul Haggis. Com Liam Neeson, Mila Kunis,Adrien Brody, Kim Basinger, Michele Melega, Maria Bello, Olivia Wilde, James Franco, Ricardo Scarmaccio.

Mal chegou a um milhão de bilheteria nos EUA (não se tem referência do exterior nem do orçamento) este estranho filme internacional com que o premiado roteirista e diretor canadense Paul Haggis tenta conduzir sua carreira. Ele ficou famoso quando em 2006 escreveu dois roteiros premiados com o Oscar®, Menina de Ouro de Clint Eastwood e Crash No Limite, que ele mesmo dirigiu e que ganhou o Oscar® de melhor filme e roteiro. Depois escreveu mais dois scripts para Clint (A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima) e ajudou no Cassino Royale de 007. Mas se perdeu depois com 72 Horas com Russell Crowe (2010) e No Vale das Sombras, drama militar sombrio que fracassou em 07 seguido desta produção internacional, que também co-produziu. Já fez também a minissérie de TV Show me a Hero (15) com Alfred Molina, Winona Ryder.

Rodado quase todo em Cinecitta em Roma, com falsos exteriores passando por Nova York, ele faz uma espécie de jogo com o espectador não se sabe se propositalmente. Olivia Wilde estaria em Paris mas aparece num taxi de Nova York, dirigido pelo Bar Americano, uma das pinturas do estúdio de Franco aparece em Roma, assinada por outro, e a nota que Mila escreve no hotel de Nova York é lida por Olivia em Nova York? Linguagem cifrada? Não sei por que o filme não merece muito mais.

Como no superestimado Crash, ele gosta de misturar personagens e histórias, ainda que em diversas cidades do mundo, Paris, Nova York e Roma. Um escritor e sua amante, um homem de negócios e sua bela e jovem esposa. Um artista famoso e sua ex-mulher. Nada há em comum entre eles, a não ser as histórias de amor e traição. Mas ele também gosta de certos clichês, com uma trilha musical pesada, encontrar algo em comum entre todos os personagens, repetir os desejos deles, e ao final um momento onde eles descobrem que tudo é culpa de seu próprio comportamento.

Assim é esta meditação sobre amor, tradição e crianças perdidas ou encontradas. Neeson faz um escritor vencedor do Pulitzer em Paris, que briga com a esposa (Basinger) e a amante (a bela Olivia) além de um valioso manuscrito. Em Roma, Adrian Brody se envolve em negócios desonestos e complicados. Em Nova York, uma ex-estrela telenovela (Kunis) tenta conseguir a custodia parcial de seu filme com um ex (Franco), um pintor abstrato famoso em todo o mundo. Um crítico americano falou bem: unir essas tramas pode custar duas horas de sua vida ou você pode assistir o trailer e matar a charada em 3 minutos. Dá uma boa ideia do fraco que é o filme. O elenco faz o possível, mas o filme é um equivoco indigno de alguém tão premiado.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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