Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada É Impossível (Tomorrowland)
O filme é meio antiquado e não consegue ter o impacto desejado


Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada É Impossível (Tomorrowland)
EUA, 15. 130 min. Direção de Brad Bird. Com George Clooney, Britt Robertson, Hugh Laurie, Raffey Cassidy, Tim McGraw, Kathryn Hahn, Keegan-Michael Key, Chris Bauer, Judy Greer.
A Disney tem acertado tanto que é uma surpresa confirmar que esta aventura vai decepcionar, depois de ter tido uma estreia muito infeliz nos EUA (para um orçamento de 190 milhões de dólares rendeu 32 milhões no fim de semana de estreia e caiu para quarto lugar na segunda semana, não passando de 64 milhões, parecendo o pior fracasso - ainda que relativo - da temporada de verão/férias na America, só perdendo para Aloha). Parece uma mera questão de lógica, é uma história endereçada a meninas (porque o único garoto some depois de alguns minutos e é substituído pelo personagem já adulto, na verdade já velho e grisalho como George Clooney, num papel que não precisava fazer). E são duas as heroínas que dominam o filme, uma já adolescente (Casey feita por Britt que já conhecíamos de Cake e Uma Longa Jornada e a interessante Raffey Cassidy como Athena). Só que as garotas espectadoras não gostam de histórias como estas, com muita ação e aventura e nenhuma das coisas que elas curtem (nem mesmo o romancezinho é muito desenvolvido).Um erro de cálculo que vai custar caro ao estúdio, que ainda por cima carrega no merchandising de seus parques de diversões (o título se refere ao Tomorrowland da Disneylândia e Disney World e dão-se ao luxo de iniciar um passeio pelo enfadonho “It´s a Small World”, também do parque). E ainda por cima tem uma sequência escandalosa promovendo a Coca Cola.
Quem assistiu ao trailer longo do filme já viu a melhor parte da aventura, que foi dirigida sem muito empenho por Brad Bird, que foi brilhante com filmes de animação como Ratatouille, Os Incríveis e mesmo no filme com atores, Missão Impossível –Protocolo Fantasma que era espetacular. Excessivamente longo e juvenil lembrando outros filmes Disney do mesmo gênero, chega a ter momentos desnecessários de violência e não brilha pela direção de arte muito derivativa e discutível.
A história começa na Feira Internacional de Nova York para onde vai um garoto com ambições a gênio apresentar uma invenção que é rejeitada. Mesmo assim ele insiste e consegue ser reconhecido por uma garota misteriosa (Possível Spoiler: que se revelará robot), mas o interesse romântico não será ela mas a outra, Casey (que parece velha demais para o papel). Clooney abre o filme mas só retorna da metade para o fim quando eles vão ate a Terra do Amanhã enfrentar o vilão, um cientista que se corrompeu com o tempo (feito pelo Dr. House, Hugh Laurie, meio apático).
O filme pretende fugir da Distopia, da visão do futuro catastrófico, mas não esconde que os dirigentes do futuro também se corrompem e ajudaram a destruir o planeta. Clooney certamente topou fazer o filme por causa dessa mensagem positiva de “salvar a Terra enquanto há tempo”. Quem sabe consegue ao menos influenciar as crianças já que os líderes atuais puseram quase tudo a perder.
De qualquer forma, o filme é meio antiquado e não consegue ter o impacto desejado.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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