RESENHA CRTICA: A Floresta Que Se Move

impossvel aceitar a trama e admirar a fotografia. E, por favor, no levem crianas!

07/11/2015 13:40 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: A Floresta Que Se Move

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A Floresta Que Se Move

Brasil, 15. Direção de Vinicius Coimbra. Roteiro dele e Manuel Dias inspirado em Macbeth de Shakespeare. Com Gabriel Braga Nunes, Ana Paula Arósio, Fernando Alves Pinto, Ângelo Antonio, Nelson Xavier. Produtora Elisa Tolomelli. 99 min.

Há menos de um mês que eu consegui assistir o longa anterior do diretor Vinicius Coimbra, que ficou quatro anos proibido de circular por causa de direitos autorais, o talentoso e forte A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Deve ter sido difícil para o cineasta (que tem um longo currículo como diretor de novelas e que tais na Globo) que optou para fazer como segundo filme, uma adaptação de nada menos do que Macbeth de Shakespeare (se arriscando porque há outra chegando com o Michael Fassbender e Marion Cottilard). Só que atualizada e reduzida. Uma aposta difícil porque é nada comercial, começando com o próprio titulo do filme que é tirado de frase chave da peça, mas que faz pensar num produto infantil ou ao menos animação.

Houve um obvio esforço de manter a integridade do texto mesmo enfrentando um orçamento que deve ter sido reduzido (por exemplo, é uma coprodução com o Uruguai e por isso parece ter sido rodado por lá, em basicamente dois sets, uma esplendida mansão de vidro e concreto armado e outra que seria a sede de um banco, além de uma rápida cena a beira de um lago! E o elenco tem preciosidades, como sempre magnífico Nelson Xavier, que faz com toda humanidade a figura do Rei, ou seja, o presidente do Banco. Ou o igualmente competente Ângelo Antonio e o retorno de Ana Paula Arósio, depois de longa ausência, ainda mantendo sua beleza e fluência como atriz (ainda que perca o controle nas suas cenas finais). Como o protagonista Gabriel Braga Nunes se defende com nobreza dos ciladas que o roteiro lhe armou. Um ponto fraco é sem dúvida a figura da bruxa que faz as predições (na peça são três e marcantes) que não consegue criar o clima.

O problema maior certamente é quando o herói, chamado Elias, depois ser colocado como vice-presidente do banco (o anterior foi corrupto e roubou uma pequena fortuna para depois se matar, outra coisa de peça antiga. Vejam os nossos atuais ladrões e nenhum teve a dignidade de se matar!). Enfim, de hora para outra a mulher vira diabólica e já faz a cabeça dele para matar o patrão/chefe, que já esta bem doente e, portanto, seria questão de esperar um pouco. Ou ao menos planejar melhor. Ninguém em estado de sanidade faria como ele que pega uma faca de cortar carne e mata o velho para depois jogarem o corpo num lago! Coisas de amador que nunca viu um filme americano policial em sua vida. Também igualmente absurdo é se virar contra o melhor amigo dele que de repente é outro convidado para o extermínio.

Tudo bem que em Macbeth a ação se passa em tempos antigos na Escócia, onde matar a sangue frio era normal e costumeiro. O comportamento dos criminosos no filme acaba sendo ingênuo e inconvincente. Como é também assim o comportamento da policia (claro que os protagonistas deixam provas por toda parte!).

Fica impossível aceitar a trama e admirar a fotografia (que parece coisa de revista Architure Digest). Mas por favor, não levem crianças!

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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