OSCAR 2014: At o Fim (In the Wild)
Muito bem realizado e fotografado, foi indicado para o Oscar como Edio de Som
Até o Fim (In the Wild)
EUA, 13. 106 min. Previsto para estrear dia 7 de março. Direção e roteiro de J.C. Chandor. Com Robert Redford.
Foi indicado para o Oscar® como edição de som mas brilhou mesmo no Globo de Ouro onde deu uma indicação como ator para Robert Redford (aos 77 anos, ganhou Oscar® como direção por Gente como a Gente, 81 mas só foi indicado uma vez como ator por Golpe de Mestre, 74. Teve também um Oscar® honorário por toda sua carreira). Redford não se aborreceu justificando o fato porque o filme era muito modesto e não teve dinheiro para fazer campanha publicitária para os prêmios.
Mas a maior surpresa foi ter ganhado o Globo de melhor trilha musical (para um muito jovem, Alex líder da banda I´m a Robot). Ate merecido porque é um exercício muito particular no uso de ruídos e silêncios, com uma trilha muito esparsa. Por causa de sua temática peculiar.
A esta altura já devem saber que é um filme especial, com um único personagem (Redford, claro), que nem nome tem e praticamente nenhum diálogo (ele fala um pouco num rádio). Um tour de force para o ator e diretor, realizado pelo diretor Chandor (que fez antes apenas outro longa metragem, Margin Call, sobre a crise econômica). Que ele interpreta com discrição e sutileza sem qualquer momento de exagero. Vai ver justamente foi por isso que não foi indicado. Não sei se a historia é real (procurei mas não achei), mas tem tudo para ser porque de forma minimalista apresenta a aventura do herói que esta viajando num barco, uma espécie de iate, já com certa idade, que foi atingido por um gancho de um container que caiu ao mar. O dano é grave porque rasgou pedaços e permitiu que entrasse água, contaminou também mantimentos. A principio consegue dar ainda um jeito e a luta vai se prolongando dentre tempestades e calmarias. Não tem desvios (a bola) como Náufrago com Tom Hanks, esta muito mais para O Velho e o Mar de Hemingway.
Muito bem realizado e fotografado, não é como pode parecer cansativo ou irritante. Tenho certeza que muitos vão se afastar só a partir da idéia de um único ator que não fala. É uma pena porque é bom trabalho.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.