Definitivamente são novos tempos. Atualmente, alguns filmes não seriam produzidos por conta da censura, principalmente. Isto é ruim? Bom, sim e não. Mas não estou aqui para discutir o sexo dos anjos, apenas para falar um pouco deste marcante (e polêmico) filme do diretor francês Louis Malle, aqui em seu primeiro filme americano. 

Antes de falar do filme, vamos conhecer um pouco da dupla responsável pela polêmica: Malle e Brooke Shields.

Louis

Louis Malle nasceu na França, em 30 de outubro de 1932, e desde cedo sua situação financeira era bem tranquila, pois sua família havia feito fortuna no comércio do açúcar. Em meados dos anos 40,  já adolescente ele pensava em fazer cinema e seguiu este caminho estudando no Institute de Hautes Estudes Cinematographiques, a notória escola de cinema.

Aos 11 anos testemunhou uma invasão da Gestapo em sua escola, na qual três estudantes judeus , incluindo seu amigo mais próximo, e seu um professor foram presos e deportados para Auschwitz. Mais tarde, ele abordou o acontecido em seu filme "Adeus meninos" de 1987.

No início, foi co-diretor de ''O Mundo do Silêncio'', documentário sobre o fundo do mar feito pelo especialista Jacques-Yves Cousteau. O filme levou um Oscar e um prêmio no Festival de Cannes em 1956. No ano seguinte, fez o seu o primeiro longa, ''Ascensor para o Cadafalso'', que conta a história de Florence Carala (Jeanne Moreau ) e seu amante Julien Tavernier (Maurice Ronet), que sonham em ficar juntos e, para isso, armam um plano para matar o marido dela.

O temas dos filmes, sempre escandalosos, repercutiam aos quatro cantos. Mas o sucesso sempre estava ao seu lado, garantindo credibilidade e perpetuando seu inconfundível jeito de contar histórias. Foi dono de uma carreira em que não fazia concessões. Refinado na sua maneira de ser e no seu cinema, o realizador deixou uma obra estupenda, carregada de inquietação, ousadia e natural calor humano.

Vitimado por um câncer,  Malle partiu em 24 de novembro de 1995 na sua casa em Beverly Hills, Los Angeles. Ao seu lado estava a sua terceira mulher, a atriz Candice Bergen. 

Brooke

Há poucos anos saiu uma matéria em que Brooke falava sobre como (e quando) perdeu a virgindade com o ator Dean Cain aos 22 anos. Muitos certamente associariam a sexualização precoce dos seus personagens ao da atriz, mas não foi bem isto que aconteceu.

Brooke Christa Camille Shields nasceu em Nova Iorque, dia 31 de maio de 1965 e é uma atriz estadunidense.Ganhou fama como atriz ainda criança e na adolescência como uma das mais fotografadas e reconhecidas modelos do mundo. Shields frequentou a Universidade de Princeton de 1983 a 1987, formando-se em Literatura Francesa.  Nos anos seguintes, seu relacionamento com o tenista Andre Agassi a colocou no semanalmente nos tabloides que acompanham celebridades.

Brooke fez um ensaio ousadíssimo em que aparece nua (com pouco mais de 10 anos). As fotos deram uma enorme confusão na justiça, mas chamou atenção do diretor Louis Malle, que a convidou para atuar em Pretty Baby. O filme, que foi feito com ela aos 11 anos e lançado quando já tinha feito 12.  Shields também apareceu em comerciais provocativos (ou mesmo controversos) das calças jeans da Calvin Klein em 1980, quando ela tinha quinze anos. As propagandas incluam a famosa frase "nada fica entre mim e minha Calvin".

De nudez ao 10 à namorada de Michael Jackson (sugestivo não?), Brooke Shields fez poucos papéis realmente marcantes no cinema (como Pretty baby e Lagoa azul), mas os que protagonizou, realmente são inesquecíveis. 

Menina bonita

A história se passa em 1917, durante os últimos anos em que a prostituição era legalizada na pequena Storyville, em New Orleans. É lá que vive a elegante prostituta Hattie e sua filha Violet, uma bela e graciosa garota de 12 anos de idade. A vida de ambas irá mudar quando surge o fotógrafo Ernest J. Bellocq. Ao fotografar a encantadora Violet, ele também se apaixona por ela.

Outras futuras famosas fizeram o teste para o papel da menina Violet: Diane Lane, Michelle Pfeiffer, Madonna, Kathleen Turner e Geena Davis. Inclusive Jodie Foster foi cotada para o papel, por conta do seu talento demonstrado em Taxi Driver, do Martin Scorsese. As atrizes desistiram justamente por ser um tema complicado e que envolveria nudez a atriz (criança) principal.

Sobre as cenas de nudez da jovem Brooke Shields, Sarandon havia lhe conseguido um biquíni cor da pele que serviria para tapar suas partes íntimas. Note que foi uma iniciativa da atriz, não do diretor. 

O filme mostra a persistência da ingenuidade em se misturar com o pecado, até o momento que ela se rende. É um dos filmes mais polêmicos da história e certamente esta entre os 10 filmes essenciais do diretor.