Os Delirios de Linguagem e Temas em Mccarthy

Sombrio e penetrantemente cruel, Meridiano de Sangue n?o da treguas para o sossego de ler em momento algum

15/04/2021 16:48 Por Eron Duarte Fagundes
Os Delirios de Linguagem e Temas em Mccarthy

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A criatividade e intensidade das veias literárias do romancista americano Cormac McCarthy extrapolam em Meridiano de sangue ou o rubor crepuscular no Oeste (Blood meridian; or the evening redness in the West; 1985). Ambientado num mítico Oeste americano, o Oeste do cinema, o Oeste do faroeste, o velho Oeste onde boa parte da cultura americana nasceu, Meridiano de sangue tem a força e a violência das metáforas, formal e tematicamente. “O menino tinha o crânio rachado em meio a uma poça de sangue, ninguém sabia o autor.” As coisas se desenrolam ao longo da narrativa como uma sucessão de imagens que desnorteiam. “Paliçadas de ossos dividiam os arredores pequenos e poeirentos e a morte parecia a característica mais proeminente da paisagem.” Ou então: “Um vento quente soprava e a leste despontava uma luz cinzenta.” Um juiz e um criminoso comandam as linhas de narrar do romance. “O juiz esperou nos degraus e Glanton caminhava de um lado para outro examinando o chão.” Uma das epígrafes do livro é uma citação do francês Paul Valéry. Mas é um outro poeta da França, Arthur Rimbaud, quem parece desembarcar nas páginas e nos cenários de Meridiano de sangue: as convulsões verbais são rimbaudianas. Longas extensões geladas percorrem as frases entre ásperas e altissonantes de McCarthy. “Fazia frio e um vento soprava. O sol não nascera.” Sombrio e penetrantemente cruel, Meridiano de sangue não dá tréguas para o sossego de ler em momento algum.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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