RESENHA CRTICA: A Entrevista (The Interview)
Filme gerou polmica e quase uma guerra por nada
A Entrevista (The Interview)
EUA,14.Direção de Evan Goldberg e Seth Rogen. Com James Franco, Seth Rogen, Randall Park , Lizzy Caplan, Diana Bang, Timothy Simmons, Eminem, Rob Lowe, Joseph Gordon Levitt.
Como dizem os gaúchos é um caso evidente de vela demais para pouco defunto, ou Shakespeare afirmaria (Muito Barulho por Nada). Imaginar que o mundo esteve ou ainda esta a beira de um conflito nuclear, ou coisa que a valha por causa de um filme tão menor, tão idiota, é coisa que nem a nossa mais louca e delirante imaginação poderia ter fantasiado. Muito bem com o direito de livre expressão e a Sony realmente fez mal em cancelar a principio a não exibição do filme como pedia o órgão terrorista que assina como Guardiães da Paz e o escândalo fez eles voltaram atrás, o filme passou em alguns cinemas espalhados pelos EUA sem incidentes, foi exibido em VOD (Now) e também copiado para a pirataria. Seu custo foi 44 milhões de dólares, mas o preço da moral da diretoria liderado por uma mulher não se pode calcular. O ataque de hackers que liberaram os emails (será que não sabem que não se critica presidente americana ou Angelina Jolie em emails de forma alguma! No mínimo é um vexame), contas, documentos e as cópias de uma meia dúzia de filmes ainda inéditos, demonstram como o mundo esta despreparado para lidar com a tecnologia atual e mais ainda contra os piratas em geral.
Sinto-me tolo repetindo o que todo mundo leu no jornal e se a presidenta da Columbia Sony não for mandada embora, aí que não existe mesmo no que acreditar. O medo é que a briga entre um ditador de farsa seja louco o suficiente para legar este filme estúpido a sério. E coisas piores aconteçam... Sim, estão certos os que dizem que já houve precedentes e saiu há um pouco um livro no Brasil , alias excelente – a Colaboração - O Pacto entre Hollywood e o Nazismo, de Ben Urwan, onde mostra como Hitler interferia até 1942, quando rolava totalmente a guerra ainda controlava os filmes que a MGM e outras iriam fazer! Mexendo mesmo no roteiro! Porque na década anterior fez isso aprovando ou não filmes que iriam passar na Alemanha (aonde faziam grande sucesso e Hollywood não queria perder o lucro). Quando Chaplin percebeu que na verdade Hitler era uma caricatura dele e ninguém falava isso, escreveu e dirigiu O Grande Ditador e por causa disso anos depois foi expulso dos Estados Unidos! Acusado de comunista! Imaginem por falar mal do pior líder da História moderna (na verdade satirizar, o riso podem ser a coisa mais cruel do mundo).
Imagino que a dupla Seth Rogen e James Franco não queira se comparar com Chaplin (e sinto muito mas eu gostei do filme anterior deles, desta mesma equipe que foi o muito caótico e engraçado, É o Fim, uma brincadeira com o apocalipse mundial). A ideia deste filme foi inspirada pelo jogador de basquete Denis Rodman, que visitou a Coréia do Norte e se tornou amigo do ditador. Assim inventaram agora o apresentador de TV ( Franco um ator detestável que deveria ter sido banido desde aquele festa do Oscar que apresentou!) e o produtor (Rogen, mais inteligente e com melhor carreira).
Franco é o Dave Skylark que apresenta um programa de entrevistas, com o Eminem dizendo que é gay, o Rob Lowe mostrando que é careca e o Levitt brincando com cachorros. Motivado pela concorrência eles vão ate a Coréia do Norte (o ditador teria dito que gostava deles) só que orientados pela CIA com armas para matá-lo! Daí em diante é pura chanchada interrompida por piadas de sexo ou banheiro (locações no Canadá), que talvez fossem mais engraçadas caso o filme não tivesse pisado tão forte e causado tanto mal.
De qualquer formar zombar de um inimigo da America não é exatamente um atrevimento já que mal e mal, ela se esforça em ser uma Democracia. Queria ver fazerem um filme desses em outros países e com tantos outros ditadores do mundo, sugiro mesmo uma série... Assim já bota para quebrar logo e resolvem seu desejo de morte.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.