RESENHA CRTICA: Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, O Filme (The Peanuts Movie)

No final das contas, a animao muito colorida, movimentada, cheia de aventuras e confuses, mas muito triste ver que mataram a mitologia de Charlie Brown

15/01/2016 21:41 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, O Filme (The Peanuts Movie)

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Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, O Filme (The Peanuts Movie)

EUA, 15. 88 min. Direção de Steve Martino. Roteiro de Bryan e Craig Schulz, Cornelius Uliano baseado em personagens de Charles M.Schulz.

Esta animação era uma das preferidas na lista dos cinco finalistas para o Oscar da categoria (mas ficou de fora), até porque foi razoavelmente bem sucedido nas bilheterias (custou 99 milhões e rendeu 127 milhões de dólares). Co- roteirizado por dois filhos do criador Charles M.Schulz (1922-2000) o filme ao menos cumpre sua missão de atrair um novo público infantil para os personagens, já que houve uma determinação de fugir das tiras originais de quadrinhos. Começando alias pelo título nacional, onde Snoopy é o primeiro nome, a estrela, já que Charlie Brown virou apenas um garoto tímido que não consegue falar com a menina que gosta de sua sala de aula! E pronto.

Assisti como velho admirador das tiras de quadrinhos e até colecionador das revistinhas sem esquecer de ter também acompanhado a maioria dos longas ou especiais de TV, já que foram feitos cerca de 39 filmes, entre longas para cinema ou especiais para televisão.

No final das contas, a animação é muito colorida, movimentada, cheia de aventuras e confusões (inclusive porque Snoopy como astro legítimo gasta um tempo enorme nos seus delírios como aviador). Tudo é bastante agradável para crianças, o que esta faltando é justamente a personalidade de todas as personagens, muitas vezes impertinentes e neuróticas e por isso mesmo notáveis. Aqui fizeram o possível para deixá-las banais e corriqueiras e simplesmente eliminaram as filosofadas e conceitos sobre a vida e infelicidade, que tornaram Charlie tão inesquecível e cultuado pelos jovens e até adultos.

Acho um crime absoluto tirar de Charlie e os amigos e parentes por extensão, sua personalidade, já que foi isso que o diferenciava de outros cartoons e sempre provoca na gente um riso amargo. Se lembro bem havia sempre canções e uma certa delicadeza na narrativa, que procurava conservar o tempo das tiras. Aqui virou um desenho qualquer, com ação e identificação fácil, aceitável talvez mais por causa do dinheiro (o personagem obviamente havia perdido sua popularidade com a morte do autor) do que pelo amor a antiga criação. As crianças podem assistir, mas é muito triste ver que mataram a mitologia de Charlie Brown.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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