NA NETFLIX: Roxanne, Roxanne (Idem)
Talvez não seja o melhor filme do gênero, mas é sempre uma lição de vida
Roxanne, Roxanne (Idem)
EUA, 18. 1h40min. Direção e roteiro de Michael Larnell. Produção de Forest Whitaker. Com Nia Long, Chanté Adams, Mahershalla Ali, Adam Horowitz, Germar Terrell Gardner, Terrence Shingler, Pharell Williams.
São tantos os lançamentos da Netflix especialmente em longa-metragens orientados para determinados tipos de público, que fica difícil assistir todos. Esta aqui é uma produção do premiado com o Oscar Whitaker, que na verdade estreou antes no prestigioso Sundance Festival (não chegou a ser premiado, mas ajudou no respeito ao diretor Larnell, até então pouco conhecido, mas que teve outro filme no Festival em 2015, Cronies (sobre os complexos bastidores da música negra). Mas por Roxanne foi premiada ainda a estreante Chanté Adams como revelação pr~Emio especial do júri.
Agora temos aqui uma história real, interpretado com garra e emoção por atores ainda pouco conhecidos por aqui, mas nem por isso menos sinceros e notáveis. Admiro especialmente Nia Long, que tem uma longa carreira (59 créditos) fazendo comédias, dramas, séries de TV, premiado por Amigos Indiscretos (The Best Men, 99), pela série Third Watch/Parceiros da Vida, 99, e atualmente NCIS-Los Angeles. Aqui ela faz uma mãe de família bem intencionada, que guarda dinheiro para se mudar para Nova Jersey, mas é sempre roubada pelos namorados que fogem com o dinheiro.
A ação se passa no começo dos anos 80, quando em Queens, bairro de Nova York, havia uma verdadeira batalha como cantora de improviso, MC. Com apenas 14 anos, Lolita Roxanne Shanté Gooden estava começando a se tornar uma lenda do hip hop ao mesmo tempo que tentava ajudar sua família e escapar das armadilhas do bairro barra pesada dos chamado Projects de Queensbridge da cidade. Infelizmente nem tudo é bem desenvolvido e a gente fica esperando mais da artista e de sua obra, que vem em pedaços e sem o tão esperado clímax. Há uma presença importante no filme com o vencedor do Oscar Mahershala Ali (por Moonlight) que começa gentil, mas também vai se estragando. Talvez não seja o melhor filme do gênero, mas é sempre uma lição de vida.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.