RETROSPECTIVA 2018: Os Grandes Desatres
Rubens Ewald Filho comenta os grandes fracassos do ano
Os Grandes Desastres do Cinema em 2018
Todos os anos tenho feito um balanço pessoal sobre os filmes de má qualidade e fracasso de público. Mas desta vez vou me basear nas pesquisas norte-americanas (por isso nada de filmes europeus, até porque há pouco a defender nos filmes italianos e principalmente os franceses, este ano muito decepcionantes). O problema é o seguinte, não sei se foi por causa da Academia de Hollywood, sua atual crise e caos (provocado pelos escândalos e vergonhas), nunca vi tantos filmes caros renderem tão pouco (em todos sentidos). Mas a lista seguinte é assustadora e estranha. Sem ordem, mas autêntica.
Solo, a Star Wars Story (de Ron Howard), o primeiro filme da nova série a desapontar e cometer erros crassos começando pelo galãzinho Alen Enhereinch, protegido de Spielberg, outro que tem falhado muito. Howard assumiu o filme já adiantado porque antes foram despedidos dois novatos Phil Lord e Christopher Miller!!! Não era horrível apenas o mais fraco de uma série lendária.
Arranha Céu - Coragem Sem Limite (Skyscraper) com Dwayne Johnson, de Rawson Thurber. Todo mundo gosta de Mr. Dwayne, mas desta vez foram longe demais, uma aventura chinesa destrambelhada e ridícula.
Operação Red Sparrow (Red Sparrow), de Francis Lawrence, que quase destruiu a carreira da estrelinha Jennifer Lawrence (não são parentes). E olha que pouco antes também feito outro delírio intelectual que foi Mãe!.
Sete Dias em Entebbe (Seven days em Entebbe) do brasileiro José Padilha, uma velha história já feita antes algumas vezes mas nunca tão mal contada. Única coisa que valeu: a passagem musical de orquestra judaica!
Uma Dobra no Tempo (A Wrinkle in Time) de Ava DuVernay. Desastrosa aventura juvenil produzida por Opra Winfrey, sem pé nem cabeça. Uma lástima.
Círculo de Fogo, a Revolta (Pacific Rim), do desconhecido Steven S. DeKnight. Já foi o terceiro da trilogia, cada vez mais absurda e incendiária. Elenco de terceira categoria.
Hotel Artemis (Artemis Hotel), de Drew Pearce, com Jodie Foster e Jeff Goldblum. Este corre o risco de virar Cult, já que é altamente bizarro e delirante. Mas é para poucos.
O Quebra Nozes e os Quatro Reinos (The Nutcracker and the Four Realms), de Lasse Hallstrom e Joe Johnston. A Disney de vez em quando perde a cabeça e a noção. Desastrosa fantasia que deforma famosa dança do quebra nozes. Argh.
Desejo de Matar (Death Wish), sem Charles Bronson e com Bruce Willis o substituindo. Violento e péssimo como sempre, o diretor Eli Roth é dos piores de todos os tempos.
Doze Heróis (12 Strongs), de Nicolai Fuglsig. Alguém lembra disto? Não era tão horrível só descartável e desperdiçando o galã Chris Hemsworth!
Outros fracassos: Proud Mary, policial de suspense com a interessante Taraji Henson, completamente perdida. A Maldição da Casa Winchester parece que é terror, mas nem isso consegue ser, desperdício lamentável da grande Helen Mirren. Alfa (Alpha) aventura sobre animais pré-históricos dirigido por certo Albert Hughes. Dinheiro jogado fora. Crime em Happy Time (The Happy Time murders), lamentável comédia de humor negro e com certa violência, que foi a experiência dos antigos Muppets - que não fazem mais sucesso, então por isso criarem esta pseudo comédia para adultos. Estrelado por Melissa McCarthy que já foi não há muito tempo engraçada. E tem mais, inclusive filmes de ação e terror como um novo O Predador que foi um horror (francamente não consegui salvar em praticamente nada nesta continuação grosseira e violenta demais, isso sem maior necessidade). Aliás, a figura do próprio atual Predator (são mais do que um, incluindo alguns animais esquisitos) é das presenças mais feias e menos claras. Impliquei em primeiro lugar com a escolha para o galã central desse tal de modelinho Boyd Holdbrook, que é das coisas menos expressivas e neutras que o cinema já teve (ele esteve em Logan, mas foi como um dos agentes da série Narcos que deixou menos lembranças. Absolutamente incompetente como suspense ou ação.
E tem mais, como por exemplo, o filme de Clint Eastwood que contou um fato real, 15.17 Trem para Paris mostrando uma história real de soldados americanos em férias que agem como heróis impedindo ataque terrorista a trem! Fim de carreira para o lendário astro diretor! E No Olho do Furacão (The Hurricane Heist), pior filme da carreira do diretor Rob Cohen, ridículo em especial nas cenas do coração. E outros como Action Point, The Catcher Was a Spy, que nem chegaram a estrear aqui…
Como explicar esta terrível sucessão de catástrofes?
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.