A durabilidade de uma franquia é um desafio para aqueles que a produzem com o interesse de constantemente renovar o interesse do público. “Dr.Who”, por exemplo, conseguiu ser criativo com o conceito de regeneração que permite, de tempos em tempos, mudar o intérprete do personagem. James Bond é outro que prossegue há décadas trocando o ator e se readaptando aos novos tempos. Essa readaptação foi a proposta do roteiro de Chris McKenna, Erik Sommers, Scott Rosenberg e Jeff Pinkner ao relançarem “Jumanji”, um clássico dos anos 90 estrelado pelo saudoso Robin Williams. O jogo evoluiu, e do tabuleiro passou a vídeo game, ganhando um quarteto pra lá de fantástico como protagonistas.

22 anos depois de Allan Parrish (Williams) sobreviver ao jogo de tabuleiro de interatividade mortal, o livro de Chris Van Allsburg conquistou uma nova geração colocando Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart e Karen Gillian como os avatares de quatro adolescentes enfrentando perigos em “Jumanji – Bem Vindo a Selva” (2017) dirigido por Jake Kasdan. A bilheteria internacional de US$962.102.237 convenceu os executivos da Sony a retomar o jogo para uma nova aventura que já fez uma bilheteria mundial de US$672,882,668 antes de sua estreia no Brasil, de acordo com dados do site boxoffice mojo. A aposta do estúdio na sequência foi tão grande que as filmagens ocorreram entre fevereiro e maio do ano passado e o filme já teve lançamento doméstico em dezembro último, menos de um ano depois que a janela usual para a estreia de um filme.

“Jumanji – Próxima Fase” (Jumanji – Next Level) traz de volta o quarteto Johnson-Black-Hart-Gillian mas a novidade é que estes tornam-se avatares de outros personagens. À procura de Spencer (Alex Wolff), Martha volta a vestir o diminuto short de Ruby (Karen Gillian, A Nebulosa de “Vingadores; Ultimato”) mas é acompanhada de Eddie, o avô rabugento de Spencer interpretado por Danny De Vito e seu amigo Milo interpretado por Danny Glover. Eddie e Milo tornam-se Dwayne Johnson e Kevin Hart respectivamente, somados ao atleta Fridge que passa a ser Jack Black. A mudança dos jovens para os vovôs Eddie e Milo permite que Johnson e Hart explorem sua versatilidade na sua abordagem do corajoso Dr.Bravestone (Johnson) e seu companheiro Mouse (Hart).

A realidade do jogo mudou também e o cenário da selva é trocado temporariamente para o deserto (filmagens na fronteira mexicana), com direito a uma trilha sonora que homenageia / imita o clássico “Lawrence da Arábia” (1962), e mais tarde montanhas cobertas de neve (na verdade no Canadá) onde nossos heróis vivem mil perigos. O filme ainda traz uma ligação com o filme original de 1995 graças à personagem Nora (Bebe Neuwirth), além da volta de Nick Jonas, que se juntam às adições no elenco de Awkwafina como um avatar especializado em roubos e Rory McCann (Sandor Clegane em “Game of Thrones”) como o vilão Jurgen, o Brutal, assassino dos pais do Dr.Bravestone. Claro que toda a ação e humor do filme o fazem uma boa diversão para o período de férias, mas não é a tanto a história mas a interação entre os personagens vivendo jogadores diferentes em cenários diferentes que dá o tom desse terceiro filme da franquia. Embora Kasdan tenha determinado o fim de sua jornada por Jumanji, a franquia certamente continuará com outro diretor, talvez outros personagens, como já sugere a cena adicional na metade dos créditos finais, indicando as possibilidades a seguir.

Que ninguém duvide que é cedo demais para dizer “game over”, pois o jogo já disse Shakespeare na peça “King Henry IV” continua.