O Adeus a Sean Connery

Nossa homenagem ao mestre, ao imortal, que nos deixou aos 90 anos

31/10/2020 20:14 Por Adilson de Carvalho Santos
O Adeus a Sean Connery

tamanho da fonte | Diminuir Aumentar

 

Lembro muito bem quando assisti pela primeira vez um filme de 007 estrelado por Sean Connery. Foi na Tv, aos 14 anos, me impressionando com sua performance, me fazendo ter vontade de crescer para ficar igual a esse escocês, nascido em Edinburgh em 25 de agosto de 1930 e que nos deixa hoje.

Todos os fãs do personagem de Ian Fleming viram em Connery a encarnação perfeita do charme e da ação do personagem que fez seu nome conhecido, embora curiosamente o próprio Fleming discordasse da escolha. Mas mesmo Connery não nutria grande afeição pelo personagem que interpretou por 7 vezes, se recusando a voltar a ele com apenas duas exceções. Em 1971, depois que George Lazenby foi retirado do papel em “007 os Diamantes são eternos” e em 1984, no filme não-oficial “Nunca Mais Outra Vez”, título saído da própria recusa do ator em outras ocasiões.

Na verdade, o intérprete era maior que o personagem, e Thomas Sean Connery provou seu talento ao público e à indústria cinematográfica inúmeras vezes. Foi o Robin Hood envelhecido de “Robin & Marian” (1976), contracenando com Audrey Hepbnurn: dividiu a tela com o amigo, na vida real, Michael Caine no excelente “O Homem que queria ser rei” ( 1975 ) e roubando a cena como o policial Jim Malone, seu único Oscar, como coadjuvante em “Os Intocáveis” (1987). A versatilidade foi marca registrada de uma carreira vivida no set de grandes diretores como Sidney Lummet (Assassinato no Espresso de Oriente), de 1974; Alfred Hitchcock (Marnie - Confissões de uma Ladra), de 1966, ou Richard Altenborough (Uma Ponte Longe Demais) em 1978.

Embora possuísse uma beleza viril e rude, nunca permitiu que essa imagem limitasse seu talento. Uma tenacidade forjada em uma infância pobre e uma juventude de desafios. Foi terceiro colocado no concurso de Mister Universo, serviu na Marinha Real, sobrevivendo com muito esforço. Apesar de sempre buscar trabalhos desafiadores, nunca deixou de imprimir seu nome em blockbusters ao longo das décadas de 80 e 90. Foi o mestre de Connor McLeod em “Highlander ´O Guerreiro Imortal” (1985), o monge sherlockiano saído das páginas de Umberto Eco em “O Nome da Rosa” (1986) e, somente ele mesmo poderia ser o pai de Indiana Jones em “Indiana Jones & a Última Cruzada” (1989). Os papeis sempre surgiam renovando os fãs que vibravam com as participações do ator em filmes como “A Caçada ao Outubro Vermelho” (1988) e “A Rocha” (1989) até o derradeiro papel em “A Liga Extraordinária” (2003), quando anunciou sua aposentadoria.

Todos os méritos adquiridos em carreira prolífica e bem sucedida o ajudaram a se expressar politicamente, tendo sido sempre um apoiador da separação da sua amada Escócia do Reino Unido, o que não o impediu de ser sagrado “sir” pela rainha Elizabeth, em, 2000. Suas convicções sempre foram inabaláveis e coerentes. Teve que recusar o papel do Vulcano Sybok em “Star Trek V: The Final Frontier” por conflitos de agenda, mas seu nome foi usado no filme com a grafia e pronuncia modificada “Sha Ka Ree” referindo –se ao planeta visitado pela Enterprise. Seu filho Jason Connery também tornou –se ator e; e seu neto Dashiell Connery, nascido em 1997, também segue os passos desse legado (sua mãe é a atriz Mia Sara de “Curtindo a vida adoidado”). Seu falecimento foi em 31 de outubro de 2020, nas Bahamas, cenário de filmes como “O Satâncio Dr.No”, fechando um ciclo iniciado quando pela primeira vez disse “Bond... James Bond”.

Sean Conney nunca parou de me impressionar, e deixou uma marca indelével no cinema, uma vida extraordinária e um exemplo a ser seguido por gerações. Connery, o durão, o justo, o mentor, o imortal.

Linha
tamanho da fonte | Diminuir Aumentar
Linha

Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

Linha
Todas as máterias

Efetue seu login

O DVDMagazine mantém você conectado aos seus amigos e atualizado sobre tudo o que acontece com eles. Compartilhe, comente e convide seus amigos!

E-mail
Senha
Esqueceu sua senha?

Não é cadastrado?

Bem vindo ao DVDMagazine. Ao se cadastrar você pode compartilhar suas preferências, comentar ou convidar seus amigos para te "assistir". Cadastre-se já!

Nome Completo
Sexo
Data de Nascimento
E-mail
Senha
Confirme sua Senha
Aceito os Termos de Cadastro