Dossie Bond 1 : 007 Contra o Satanico Dr. No

Inicio da serie de artigos sobre os filmes de 007 em contagem regressiva para a chegada de 007 No Time To Die no ano que vem

23/11/2020 14:16 Por Adilson de Carvalho Santos
Dossie Bond 1 : 007 Contra o Satanico Dr. No

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Dossie Bond 1 : 007 Contra o Satanico Dr.No

Começando aqui minha série de artigos sobre os filmes de 007 em contagem regressiva para a chegada de “007 No Time To Die” no ano que vem:

 Quando os produtores associados Albert Broccoli & Harry Saltzman assinaram contrato para adaptar os livros de Ian Fleming, deixaram de fora o primeiro deles, “Cassino Royale”, que já havia sido levado para a Tv americana em 1958 com o desconhecido Barry Nelson como Bond. Não é certo o motivo, mas é forte que a história, que se passa mais no ambiente do cassino, era contida em termos de ação para se encaixar nos planos dos produtores. Pensou-se em um roteiro original se aproveitando de uma história que Fleming desenvolvera em conjunto com Kevin McClory, mas o desenrolar deste foi problemático, pois Fleming o publicou sem a autorização de McClory, tornando-se o livro “Thunderdome”, que mais tarde viria a ser filmado como “007 Contra a Chantagem Atômica”. Sendo assim, Broccoli & Saltzman optaram por adaptar “Dr.No”, na verdade o sexto livro da série. Já virou lenda que o então presidente John Kennedy apontou “From Russia With Love” como seu livro de cabeceira, atestando a popularidade do personagem no início da década de 60.

 

A HISTÓRIA & O ELENCO. Assim , a estreia de Bond se da nas telas com a missão de localizar e eliminar o Dr.Julius No (vilões orientais eram notórios na literatura como o diabólico Fu Manchu), responsável pelo desaparecimento de um cientista e por um mirabolante plano para sabotar o programa espacial americano. Bond é enviado pelo MI6 (Serviço de Inteligência Britânico) até a Jamaica (onde o próprio Ian Fleming fixaria residência) tendo como contato o agente de CIA Felix Leiter (Jack Lord), amigo pessoal de Bond e o barqueiro Quarrell (John KItzmuller), encarregado de levá-lo até a misteriosa ilha Crab, tida pelos nativos como amaldiçoada e protegida por um dragão. Em sua investigação Bond conhece a bela Honey Rider (Ursula Andress), colhedora de conchas cujo pai, biólogo, morreu misteriosamente. Entre os atores pensados para o papel de Bond estavam os nomes de David Niven, Cary Grant, James Mason e Roger Moore (que futuramente seria o 3º intérprete do personagem). Nenhum deles, no entanto, se encaixava na descrição física de Bond conforme descrito por Ian Fleming : Um homem alto, moreno, entre 30 e 40 anos, viril mas frio e que faz das mulheres uma arma, um meio para completar sua missão. A esposa de Brocolli viu no escocês Sean Connery, recentemente falecido, e então com 32 anos, o Bond ideal. Fleming não gostou nada, já que Connery destoava de sua imagem para o personagem, criado a partir das feições do cantor americano Hoagy Charmichael. O nome, Fleming tirou de um ornitólogo que escrevera o livro favorito de sua esposa. Outra crítica de Fleming era que seu personagem era um homem refinado, enquanto Connery seria, em suas palavras, um bruto. Já Jack Lord, o intérprete de Felix Leiter, faria anos mais tarde o clássico seriado de TV “Hawai 5-0”. A Bondgirl Honey Rider seria a princípio a sueca Anita Ekberg (La Dolce Vita), mas o papel ficou com a suiça Ursula Andress, de 26 anos, cujo sotaque era tão forte que teve sua voz dublada nos diálogos. Andress, contudo, aparece no filme a partir da segunda metade. Antes dela, a agente Sylvia Trench (Eunice Gayson) já troca olhares de sedução com o espião. O personagem estava previsto para ser usado em outros filmes, mas Sylvia só aparece muito brevemente no filme seguinte “Moscou contra 007”. O vilão foi interpretado pelo canadense Joseph Wiseman, mas Fleming desejava ver seu primo Christopher Lee (Dracula) no papel. A vontade de Fleming acabaria acontecendo anos mais tarde quando Lee fez o vilão de outro filme da franquia “007 Contra o Homem da Pistola de Ouro”.

 

LIVRO & FILME. Praticamente quase todos os filmes de 007 são bem diferentes dos livros originais de Ian Fleming. “Dr. No”, no entanto, teve poucas mudanças. Na ordem de leitura o livro é uma sequência direta de “Moscou contra 007” com Bond sendo enviado a Jamaica depois de tentar se livrar do veneno da vilã Rosa Klebbs, sendo que “Moscou contra 007” seria filmado logo em seguida. A morte do vilão, ao final, também é diferente. No livro ele é soterrado vivo por Bond enquanto que no filme ele é jogado no reator nuclear. A personagem de Honey é mais independente no livro, restando para a bela Ursula Andress nada além do papel de objeto de desejo de Bond. A cena em que Andress sai das águas trajando um bikini branco com uma faca na cintura tornou-se antológica e mexeu com a libido de toda uma geração. No livro, nessa sequência Honey está completamente nua. Apesar da mudança, o filme foi severamente criticado pelo Vaticano na época, rotulado como “imoral”. A polêmica não impediu que o filme, que custou em torno de um milhão de dólares na época, tivesse um retorno e tanto nas bilheterias, faturando mais de 16 milhões só nos Estados Unidos. No Brasil, o filme estreou quase um ano depois de seu lançamento original no Reino Unido em outubro de 1962.

 

UM FILME NÃO É O BASTANTE. O que muitos não sabem é que a sequência inicial, que se tornou marca registrada da série, com Bond caminhando acompanhado pela objetiva de uma câmera e atirando contra ela não foi feita com Sean Connery, pois o ator escocês não estava disponível para filmar no dia. Seu dublê, Bob Simmons, fez a sequência que foi utilizada até o 3ª filme, e só depois em “007 Contra a Chantagem Atômica” é que a imagem de Connery finalmente é usada. Também é Bob Simmons quem fez a cena de Bond atacado por uma tarântula pois Connery tem pavor de aranhas, e mesmo a trucagem de espelho não foi o suficiente para o ator completá-la. Bond é além de todos os elogiosos adjetivos que se possa usar um símbolo de virilidade e sedução com o qual a Inglaterra mostrou ao mundo que o homem inglês de nada tinha de frio e distante. Bond também mostrou, ainda que na ficção, que o império inglês ainda possui virilidade política, já que suas missões mantêm o equilíbrio de forças no globo, restando para a CIA americana um papel de coadjuvante no jogo do poder mundial. Qualquer análise, no entanto, não muda o fato de que o apelo do personagem resiste há décadas como um ideal masculino que as mulheres desejam conhecer e os homens almejam ser. Nada mal para uma obra nascida despretensiosamente da imaginação de seu autor, que na vida real trabalhou para o serviço de inteligência da Marinha Britânica, ainda que em seus bastidores, sem nunca ter participado de uma missão de campo, sem nunca ter pedido Vodka-martini , batido e não mexido, e sem nunca ter imaginado que entraria para a história com uma das falas mais famosas do cinema, um espião que se identifica com sobrenome e nome (Bond, James Bond) e ar da cafajeste indisfarçável. Já dá para ouvir até o tema musical de Monty Norman e John Barry.

 

BOND RETORNA AO DVDMAGAZINE SEMANA QUE VEM COM “MOSCOU CONTRA 007”

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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