Dossie Bond 12: 007 Somente Para Seus Olhos

Este foi o primeiro de duas coletaneas de contos de 007

01/03/2021 18:30 Por Adilson de Carvalho Santos
Dossie Bond 12: 007 Somente Para Seus Olhos

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Depois de 4 filmes consecutivos de Roger Moore como James Bond, o público começava a se cansar do clima de deboche que diluía demais as tramas dos filmes. Na verdade, o próprio Roger Moore nitidamente em nada se levava a sério na figura de um super-espião, transformando-o em um bon-vivant que, casualmente salvava o mundo. O ator repudiava qualquer cena que mostrasse Bond matando a sangue frio. No início da década de 80, Broccoli – agora com o comando absoluto dos filmes – decidiu fazer uma aventura mais séria, com o pé no chão, aproveitando-se de um dos contos do 8º livro escrito por Ian Fleming, lançado originalmente em 1960. Este foi o primeiro de duas coletâneas de contos de 007, dos quais os roteiristas Richard Maibum e Michael G.Wilson se aproveitaram dos contos “For Your Eyes Only” (o assassinato dos Havelock e a busca de vingança de sua filha Judy), e “Rísico” (o vilão Kristatos e o contrabandista Colombo).

No filme, o casal de arqueólogos gregos, os Havelock, auxiliam o governo britânico a localizar o ATAC, um moderno aparelho comunicador capaz de controlar mísseis nucelares. São assassinados e sua filha Melina (Judy no livro) se junta a Bond em sua busca de vingança contra o vilão Kristatos, um agente duplo que planeja vender o ATAC a quem pagar mais. Desde a década anterior, Broccoli tentava entrar em acordo com Kevin McClory que tinha os direitos autorais de Brofeld e da Spectre, elementos dos livros de Bond que criara em conjunto com Ian Fleming. O letígio entre Fleming e McClory deu a este último a palavra final sobre a utilização desses elementos e ainda o direito de refilmar “007 Contra a Chantagem Atômica”, o que viria a acontecer nos anos seguintes. Não chegando a um acordo, Brocolli apenas deixa insinuar que o vilão morto por Bond no início do filme é Brofeld, através da aparência física, mas sem jamais usar o nome. Bond também visita o túmulo de Tereza, sua esposa morta em “007 A Serviço de Sua Majestade”. O vínculo criado entre os filmes já aponta que o roteiro leva Bond por uma narrativa mais séria.

No elenco, Roger Moore já demonstrava estar cansado do papel, mas renegociou seu contrato por um valor não revelado. A atriz francesa Carole Bouquet, então com 24 anos, fez uma Bondgirl mais ativa na ação, independente do heroico super-espião. Curiosente, no filme Bond dispensa os avanços sensuais de Bibi (a atriz e patinadora profissional Lynn Holly Johnson) que era, na verdade, apenas um ano mais nova que Bouquet, ambas mais novas que o já cinquentão Roger Moore. A personagem da Contessa Lisl era interpretada por Cassandra Harris, na época casada com o futuro James Bond Pierce Brosnan. Cassandra morreu pouco depois de câncer, o mesmo mal que consumira o ator Bernard Lee, o M que por isso não aparece no filme, sendo este o único filme de Bond sem o personagem. Broccoli o homenageou alegando que M estava de ausente devido a uma licença.

O filme foi um estrondoso sucesso de bilheteria, rendendo mais que o dobro de seu orçamento estimado em $ 28 milhões, chegando a mais de $ 100 milhões internacionalmente, o que salvou o estúdio da United Artists que estava às portas da falência depois do fracasso de “O Portal do Paraíso” (Heaven’s Gate) de Michael Cimino). De qualquer forma, o filme funciona, tem um roteiro envolvente e ótima performance de Roger Moore, sendo superior ao filme anterior “007 Contra o Foguete da Morte” e ao filme seguinte “007 Contra Octopussy”. Quase que “007 Somente Para Seus Olhos” (For Your Eyes Only) foi dirigido por Steven Spielberg, que chegou a conversar com Broccoli. No entanto, este recusou as investidas de Spielberg alegando que queria manter um diretor britânico para a série. Foi com a recusa amarga que Spielberg juntou-se a George Lucas para criar Indiana Jones. Isso é claro é outra história.

 

BOND VOLTA AO DVDMAGAZINE EM SEGUIDA COM “007 CONTRA OCTOPUSSY

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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