O Padrao Narrativo em Erico
As maos de meu filho (1942) eh um conto de Erico Verissimo
As mãos de meu filho (1942) é um conto, gênero em que seu autor, o romancista Erico Verissimo, não fez sua fama literária, que está centrada em romances urbanos como Caminhos cruzados (1935) e uma epopeia histórica como nos três volumes de O tempo e o vento (1949-1961). Mas o belo conto da íntima (e intimista) aventura familiar em que temos um reminiscente pai bêbado, um jovem pianista famoso e uma mãe dedicada cruzando os caminhos narrativos mantém a força do padrão literário de Erico. A despeito de sua atmosfera de ensaio tateante que não se completa inteiramente, As mãos de meu filho tem algo de poder evocativo que estava num romance do escritor daquela década, O resto é silêncio (1943); As mãos de meu filho parece um pouco trecho deste romance fundamental de Erico. No entanto, o uso de certos substantivos (“sortilégio”) e advérbios-adjetivo (“lividamente”) aproximam As mãos de meu filho dum conto de semiterror, uma ameaça que não se concretiza; a aproximação maior seria com a novela Noite, publicada por Erico em 1954. Tanto esta novela quanto este conto aqui comentado são figuras à parte dentro do habitual universo de Erico: a despeito de ali estarem o narrador de rara consciência que o ficcionista soube criar com seu verbo.
(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)
Sobre o Colunista:
Eron Duarte Fagundes
Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br