RESENHA CRTICA: Capito Amrica: Guerra Civil (Captain America: Civil War)
Podia ser espetacular, mas no chega a tanto, podia ser melhor
Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War)
EUA, 16. 147 min. Direção dos irmãos Anthony e Joe Russo. Disney Marvel. Com Chris Evans, Scarlett Johansson, Robert Downey Jr, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Don Cheadle, Jeremy Renner,Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elisabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp, Tom Holland, Daniel Bruhl, Frank Grillo, William Hurt, Martin Freeman, Marisa Tomei, Alfre Woodard, Hope Davis, John Slatery, Stan Lee.
Com os dois filmes anteriores do Capitão America, houve a boa surpresa de uma narrativa intensa e interessante e uma direção de arte criativa que conseguiram superar as deficiências do protagonista Chris Evans (uma figura neutra que se defende como pode) com O Primeiro Vingador, de Joe Johnston, 11 e depois O Soldado Invernal, 14, com a mesma dupla de diretores daqui. E o veterano herói também se saiu bem quando fez parte dos Vingadores (Avengers) , 12 e Era de Ultron, 15) e ate mesmo não creditado em Thor o Mundo Sombrio (13). De tal forma que já nos acostumamos com sua figura mesmo envolvido numa trama longa, confusa e mal desenvolvida como esta. A impressão que me ficou foi que ficaram com medo de aprofundar a relação central que justifica a história, que já veio do filme anterior, o Steve Rogers (ou seja, o Capitão) é uma pessoa leal e faz tudo para tentar resgatar e salvar o melhor amigo de infância dele que vem a ser justamente o mal falado Buck Barnes /Soldado Invernal (feito pelo romeno Sebastian Stan, que tem uma aparência interessante). Mas fazem o maior esforço para não aproximá-los demais para ninguém levantar suspeita de um casinho amoroso entre eles!
Na verdade, embora seja melhor do que o recente e atual Batman vs Superman, tanto a partir do elenco quanto dos diretores, que são mais sensatos e contidos, há muita semelhança entre os enredos (que nos faz pensar que a formula ainda não acabou!). Em ambos o governo americano esta interferindo porque os super heróis não respeitam leis, nem consultam as autoridades, que por isso os consideram perigosos e agindo acima da lei. Além disso, fiquei com a sensação de que há personagens demais, heróis demais para todos terem seu momento de brilho ( como não sou consumidor de quadrinhos, alguns deles aparecem sem introdução ou explicação, o espectador que se vire para descobrir quem são o estreante e mal aproveitado Pantera Negra /T´Challa e mesmo relembrar o War Machine/Maquina de Guerra ou alguns que tem outra aparência como o próprio Vision e o pouco visto Falcon (Sam Wilson). O fato é que há herói demais para todos terem seu momento de glória em cena. De tal forma que este é o primeiro da série em que Robert Downey Jr/Iron Man, parece mal humorado e desinteressado, a primeira vez em que não brilha! Afinal seria mesmo o melhor ator do elenco!
O filme parece ter reservado lugar especial para duas aparições de certa forma inesperadas, a do Scott Lang/Homem Formiga (Paul Rudd) que acaba sendo muito mal aproveitado na sua tentativa de fazer humor e o único que provoca alguma reação é o menos promovido, Peter Parker, o novo Homem Aranha (com o relativo fracasso do segundo filme com Andrew Garfield, este perdeu o emprego e foi substituído por um rapaz bem mais novo, o inglês Tom Holland (que virá ano que vem no Spider-man Homecoming, 17). Embora apareça a maior parte do tempo com o rosto coberto, Holland não brilha por qualquer beleza, mas havia demonstrado que era bom ator na aventura tsunami O Impossivel (12), o fracasso No Coração do Mar (16), na série de TV Wolf Hall, 16 e até no papel titulo do musical Billy Eliott. Pois acaba sendo a novidade e o ponto alto do filme.
Fora disso é mais do mesmo, centrado no conflito entre políticos e os super heróis, o que acaba provocando uma divisão entre eles que passa de uma rixa para virar um conflito verdadeiro (o titulo Guerra Civil não me parece nada feliz). Como não consegui acreditar na mal humorada ação do Iron Man, que resolve liderar a repressão ao Capitão e sua turma. Podia ser espetacular, mas não chega a tanto. Embora os produtores afirmem que evitaram o lado político depois o conflito fica mais entre os dois, Tony e Steve. E parece que este filme servirá de base para dois outros no mesmo tom, Vingadores Guerra do Infinito, Parte I 18 e Parte II, 19. Como dizem nos bastidores houve um conflito com Downey Jr, que iria fazer apenas uma participação pequena mas exigiu maior envolvimento e obviamente maior salário. Acabaram concordando porque as próximas aventuras podem contar com ele (e se forem sucesso uma fortuna para o ator!). Ah, sim, Mark Ruffalo infelizmente desta vez não aparece nem o seu Hulk. A rodagem foi em Porto Rico, Atlanta e Alemanha. Apesar de aparecer em algumas revistas, Gwyneth Paltrow não está no filme como Pepper. Não saia rapidamente do cinema ao final porque tem ainda uma sequência ate longa que traz mais informação. Mas só, não há nada depois dos letreiros finais.
Enfim, podia ser melhor. Mas também poderia ter sido bem pior. E mais curto.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.