OSCAR 2014: Capito Phillips (Captain Phillips)
No um blockbuster, mas interessante e funciona como bem como diverso.
Capitão Phillips (Captain Phillips)
EUA, 13. Sony. Direção de Paul Greengrass. 134 min. Com Tom Hanks, Barkahd Abdi, Barkhad Abdiraman, Faysal Ahmed, Catherine Keener, Chris Mulkey.
Há mais de uma década desde os tempos de Náufrago e A Estrada para Perdição que Tom Hanks não tem um filme de êxito e prestigio (não conta O Código da Vinci como isso, mas como concessão comercial) o que foi parcialmente compensado por uma bem sucedida carreira como produtor de televisão (John Adams, Pacific, Big Love, Band of Brothers ), como voz de animação (a série Toy Story) e cinema (Casamento Grego). Mas o fato é que perdeu sua áurea de infalível, de bom moço, já que obviamente envelheceu e até agora não tinha conseguido um personagem a sua altura. Este pode ser o filme que o redime depois de alguns fracassos, também como diretor (Larry Crowne).
Inspirado em fato real como está na moda, feito por um diretor de prestígio (o competente britânico Paul Greengrass, que fez os dois da serie Bourne e indicado ao Oscar® pelo pouco Vôo United 93, este Capitão não foi produzido por ele (mas dentre outros, Scott Rudin, Mark de Luca e Kevin Spacey!) mas vem dando certo com a critica e bilheteria (custou 55 milhões de dólares e até o momento rendeu por volta de 106 no mercado local mais 110 no externo).
Não é um blockbuster, mas pode ser visto como “O Argo” sem a mesma probabilidade de vencer o Oscar®. É uma aventura decente, bem realizada, com bastante suspense e emoção (marcas registradas do diretor que foi responsável por popularizar a câmera na mão, mas desta vez sem exageros de solavancos e balanços). Não se esconde também o fato evidente que é outra propaganda norte-americana mostrando como seu serviço de Marinha (em particular os Navy Seals) neste governo Obama está a postos para proteger os cidadãos norte-americanos. E se não resolve o caso na tela mais rápido e com maior presteza é porque sendo fato autentico, baseado em livro, procurou ser fiel aos fatos (ainda assim custam demais a atacar, ficando trocando burocracias em vez de tirar o homem da água logo!)
Mas confesso que já tinha ouvido falar na pirataria moderna, mas nunca tinha visto um filme sobre o tema, em particular aquela região perigosa da costa da África na região da Somália onde eles atacam navios cargueiros, muitas vezes com reféns e resgates. O filme começa com o Capitão saindo de casa em 2009 para ir trabalhar numa missão de aparente rotina, conduzindo um navio de bandeira norte-americana com containers que levam até comida como ajuda para africanos! Seria o Maersk Alabama que sairá do porto de Oman em direção a Mombassa, no Quênia. E seria assim o primeiro navio de carga norte-americano dominado por piratas em mais de 200 anos. Catherine Keener faz a mulher dele num papel que é menos do que ponta (não chegam nem a cortar para ela para construir tensão). Em compensação os quatro novatos que fazem os pescadores da Somália que para sobreviverem topam trabalhar para os piratas foram escolhidos em testes, são amadores e estão excelentes. Absolutamente convincentes. Às vezes tão naturais que superam o astro. A sensação que eu tive foi que mantiveram de propósito cenas para ele mostrar e redemonstrar sua força, que está sofrendo mesmo de verdade (por exemplo, aquela longa e dispensável sequencia onde é examinado por uma médica. A cena foi improvisada com uma médica de verdade e exagera no tamanho). Só existe para Hanks ganhar prêmio. Uma indicação que no final das contas não aconteceu. Vá entender por que... Talvez pelo excesso de promoção que irritou os votantes. O filme porém teve indicações como filme, montagem, ator coadjuvante (o vilão maior, o ótimo Barkhad Abdi), mixagem, edição de som e roteiro adaptado. Houve também gente falando mal do filme porque os marinheiros que estavam no navio contestaram em reportagem que o Capitão teria sido tão heróico quanto o filme mostra. Muito pelo contrário!
Mas o resto do filme é interessante e funciona como bem como diversão. Embora eu fareje que a mensagem dele seja outra “americanice”. Tudo poderia ter sido impedido caso os marinheiros e o capitão ao menos estivesse armado. O caso não teria acontecido, mas por outro lado se armas fossem mais controladas, também não teria sucedido o incidente recente no Aeroporto de Los Angeles com atirador anônimo. Ou seja... Como diz o filme “todos nós temos chefes!”.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunica艫o do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premia艫o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole艫o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa苺es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adapta苺es de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa苺es. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.