RESENHA CRTICA: Terra Estranha (Strangerland)
O roteiro mal desenvolvido e mal solucionado. Por vezes constrangedor. No por culpa de Nicole Kidman
Terra Estranha (Strangerland)
Australia, 15. 102 min. Direção de Kim Farrant. Com Nicole Kidman, Joseph Fiennes, Hugo Weaving, Meyne Wyatt, Lisa Flanagan, Maddison Brown.
Que estranha a carreira de Nicole Kidman, que parece ter uma compulsão de representar e fazer filmes que de alguma forma a desafiem. Como aqui neste retorno a Austrália (ela é americana mas criada lá) porque quis interpretar um papel duro e difícil sob a direção de uma mulher chamada Kim Farrant, que antes só havia feito curtas e documentários. Seu prestigio levou o filme ao Festival de Sundance (Nicole tem um momento de inteira nudez, ainda que discreta, quando fica nua no meio do deserto). Mas foi mais um grande fracasso na carreira da estrela, apesar de ser uma interpretação esforçada e visivelmente sincera, o roteiro é mal desenvolvido e mal solucionado. Por vezes constrangedor. Não por culpa de Nicole. Mas para que entrar nessa?
Pior que ela quem está é Joseph Fiennes, irmão de Ralph, e que teve certo prestigio (apesar de seu rosto cavalar) de Shakespeare Apaixonado. Não tem nem idade nem peso para fazer o marido de Nicole que vive no interior da Austrália com dois filhos problemáticos, em particular a adolescente rebelde e com vocação de leviana. Não é surpresa alguma quando começa a flertar com os rapazes do lugar e depois some junto com o irmão quando enveredam pelo deserto. Haveria mil maneiras de solucionar a trama e o possível mistério, mas a diretora, que curiosamente não é a roteirista, escolhe o mais tolo e lamurioso.
Ou seja, não tema por Nicole, que ela não abusa mais do botox e agora esta enveredando por séries de TV como a continuação de Top of the Lake e a comédia Big Little Lies.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.