Um Homem Comum

Um general acusado por crimes de guerra (Ben Kingsley) eh procurado pelos quatro cantos do mundo. Ninguem sabe de seu paradeiro. Hoje, com setenta anos, vive numa cidade distante, com outra identidade. Sua rotina muda quando desenvolve uma estranha relacaoo com a nova camareira, Tanja (Hera Hilmar), 40 anos mais jovem que ele. Ate que a garota fica sabendo, pelas paginas de um periodico, sobre uma grande recompensa pela cabeca do general.

22/06/2019 04:34 Por Felipe Brida
Um Homem Comum

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Um Homem Comum (An ordinary man). EUA/Sérvia, 2017, 90 min. Drama/Ação. Colorido. Dirigido por Brad Silberling. Distribuição: Focus Filmes

Modesto drama de ação com um Ben Kingsley em plena forma, ele que é o eterno Gandhi do cinema, em uma trama chamativa, que se passa na antiga Iugoslávia, exatamente no fim do Comunismo, quando rivalidades étnicas e religiosas dividiram o povo. Explodiram, na época, crimes contra a humanidade (torturas, estupros e assassinatos em massa), muitos cometidos por generais, que fugiam para outros lugares do mundo para não serem julgados. Um deles é o protagonista do filme (que não tem nome, apenas se referem a ele como ‘general’), que vive há muito tempo com nova identidade e fisionomia. Ele é o tal do “homem comum”, um anti-herói de alto calibre, que no passado assassinou gente inocente, agora tenta esquecer esse período sombrio fugindo dos atos cometidos. Sua aparência é de um cidadão do bem, com cara de vovô cuidadoso e gosta de cozinhar. Ao mesmo tempo é sarcástico, chega a ser desagradável, e tem plena consciência de que é procurado vivo ou morto – por isso redobra os olhares na porta com receio de ser preso ou assassinado a qualquer instante. Um dia chega até sua casa uma camareira jovem, atenciosa (a atriz Hera Hilmar, de “Máquinas mortais”), disposta a ajudá-lo nos afazeres diários. Mesmo duro com a garota, abre-se para uma aproximação, enquanto ela, que também tem um segredo escondido, descobre que o general é um foragido, com uma grande recompensa por trás, o que altera a relação entre os dois - e um desfecho que indica tragédia à vista.

Prometia ser uma fita de ação, no entanto parte para um profundo drama sobre quem realmente somos, como o passado nos assombra, além de pincelar um pouco sobre a amarga História da ex-Iugoslávia, na época da desintegração (1991 a 2001), que culminou numa triste guerra civil com limpeza étnica nos Balcãs, gerando uma onda de violência tamanha e que marcou um triste capítulo na Europa. Não é uma aula sobre o episódio, fica num nível da menção nos créditos e no clima de perturbação dos personagens – e mesmo assim permite relembrarmos estes horríveis acontecimentos dos anos 90, hoje esquecidos.

Gravado em Belgrado, capital da Sérvia (um dos seis países desmembrados da antiga Iugoslávia), reúne um elenco de atores sérvios e uma participação do filho de Ben, Edmund Kingsley. Escrito e dirigido por Brad Silberling, de “Cidade dos anjos” (1998) e “Desventuras em série” (2004), que realizou “Um homem comum” com baixo orçamento - teve pouca divulgação e ficou míseros dias em cartaz no Brasil saindo recentemente em DVD pela Focus Filmes. Curiosidade: em 2013 saiu uma fitinha fraca de ação com Ben Kingsley com o mesmo título, “Um homem comum”, por isto não confunda - este de 2017 é muito melhor.

* Resenha dedicada ao jornalista, crítico de cinema e amigo Rubens Ewald Filho, falecido aos 74 anos.

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Sobre o Colunista:

Felipe Brida

Felipe Brida

Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com

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