RESENHA CR�TICA: A Primeira Noite de um Crime (The First Purge)
N�o � um filme f�cil de assistir, nada comercial, mas certamente um grito corajoso de alerta. Que se espera nunca venha realmente a acontecer.


A Primeira Noite de um Crime (The First Purge)
EUA, 2018. 1h38. Direção de Gerard McMurray. Roteiro de James de Monaco (ele também foi autor de Eleição: Uma Noite de Crime: Anarquia, 14; Eleição: 12 horas para sobreviver,16) mas não dirigiu aqui talvez por o escritor também é o autor de uma série de TV sobre o tema chamada logicamente de The Purge, 18 (o autor não é negro como a maioria dos envolvidos no filme). Elenco: Marisa Tomei (é a única estrela branca de todo o enorme elenco), Y´lan Noel, Lex Scott Davis, Joivan Wade, Mugga, Patch Darragh, Luna Lauren Velez, Kristen Solis, Rotimi Paul, Mo McRae, Siva, Jermel Howard.
Sempre tive dúvidas quanto ao primeiro filme da série, que me parecia uma desculpa da violência e justificativa para termos mais assassinatos e abusos, muitas vezes gratuita. Não fazia a menor questão de ver este novo filme já em cartaz nos EUA, mas a verdade é que ele acaba sendo o mais forte e chocante de todos, ainda que no bom sentido. Isto é, desta vez deixa muito claro sua proposta de brancos e políticos duvidosos. Acontece que são eles que defendem essa teoria (não existente, mas do jeito que tudo parece caminhar nos EUA, corre-se realmente o risco de virar verdadeiro). E desta vez todo o problema, todo o drama e tragédia, deixa de ser mera aventura e fantasia, quase um truque para realmente vir a ser um aviso para o perigo que se corre, ainda mais os negros (quase todo o elenco é black e portanto os mais sujeitos ao extermínio gratuito!).
Relembrando, numa certa noite, as pessoas podem sair na rua e matar quem desejarem, fazendo o que seria uma limpeza! Só que os negros vem a ser as piores vítimas e não os justiceiros! Por isso que o filme acaba sendo forte e até assustador, denunciando o perigo racista em todo andamento, e de certa maneira não é o primeiro da série a desnudar o absurdo de tudo, mas certamente o mais descarado e absurdo (no melhor senso dessa palavra). Imaginem se tudo isso realmente fosse suceder, já que de certa maneira é uma forma de promover esse delírio e a limpeza racial! O pior é que dá a entender que esse seria o desejo dos brancos e dos poderosos. Portanto não é um filme fácil de assistir, nada comercial, mas certamente um grito corajoso de alerta. Que se espera nunca venha realmente a acontecer.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

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