NA NETFLIX: First They Killed My Father - A Daughter Of Cambodia Remembers
Merece maior repercussão este sexto longa metragem dirigido por Angelina Jolie
First They Killed My Father - A Daughter Of Cambodia Remembers
Camboja, 2017. 2h16min. Netflix. Direção de Angelina Jolie. Indicado oficialmente pelo Camboja para o Oscar de filme estrangeiro. Roteiro de Loung Ung (a menina que escreveu o livro), Angelina Jolie e baseado no livro Homonimo de Ung. Com Sareum Srey Moch, Phoeung Kimpheak, Sveng Socheata, Mun Kimhak, Heng Dara, Khoun Dara, Khoun Sothea. Não há tradução para titulo em português. Mas os diálogos são dublados para Português.
Merece maior repercussão este sexto longa metragem dirigido por Angelina. De longe seu melhor trabalho. Talvez a ma vontade venha da separação dela com o ex-marido Brad Pitt, que tem uma reputação de seriedade como produtor de cinema e até levou já o Oscar. Angelina, dirigiu em2007 o documentário inédito aqui, A Place in Time (que tinha até Anne Hathaway e não passava de uma experiência). O segundo filme era bem intencionado, mas mal realizado Na Terra de Amor e Ódio, 11, sobre a Guerra da Bósnia, mal interpretado e trôpego. Melhorou bastante a seguir com o profissional, Invencível (14) e não contamos trechos que ela fez para o musical do ColdPlay: Miracles, 14 e o pior momento foi mesmo com Pitt, no lamentável A Beira Mar (15, que assinou como Jolie Pitt!).
Felizmente ela deve ter treinado muito, se cercado de gente capacitada, como o produtor do padrão de Rithy Pan (que fez o brilhante A Figura que Falta, S 21. E foi 3 vezes premiado em Cannes). Aproveitou também a trilha de Marco Beltrani e resolveu utilizar movimentos de câmera mais épicos e amplos (e trágicos) já que a fotografia é do premiado com o Oscar por Quem Quer Ser um Milionário, Anthony Dod Mantle.
O filme começa com discursos do governo americano considerando o Camboja neutro, mas logo será invadido pelo fanatismo do Khmer Rouge (uma das grandes tragédias do século passado), que irá destruir um número incrível de pessoas de idade diferente. O título é exatamente isso, a autora era uma garotinha que teve que fugir pela selva, passando por terríveis ataques e miraculosamente sobrevivendo. Não há quase diálogos, as imagens bastam para denunciar a tragédia que obviamente nunca foi reconhecida internacionalmente na medida em que devia. De qualquer forma, Angelina teria conseguido também nacionalidade do Camboja.
Não sei se ficara entre os finalistas já que ela é por formação uma figura polêmica, mas está evoluindo como realizadora e faz um bom trabalho denunciando mais um desses horrendos crimes contra a humanidade.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.