Quinta-feira: Novo Dia de Estreias
Rubens Ewald Filho comenta a alteração para quinta-feira com sendo o novo dia para as estreias nos cinemas brasileiros.
Foi o Grupo que coordena as atividades dos exibidores quem decretou que as estreias de cinema passarão de sexta-feira para quinta (parece que haverá algumas exceções por enquanto porque havia contratos já assinados). A lógica seria que quinta é um dia fraco para as salas porque vai pouca gente e tendo estreias haverá maior interesse. Difícil avaliar a mudança, já que essa política foi adotada justamente para imitar os norte-americanos que guardam os lançamentos para sexta (há exceções, quando é muito popular e vai dar grana, os americanos podem abrir na quarta, mesmo que parcialmente!), que prenuncia o fim de semana que costuma lotar (para os que reclamam de filas, eu sempre digo que há filas apenas nos sábados, possivelmente sexta às 8 da noite e alguma matinê infantil de domingo. Fora disso as salas estão sempre com espaço ocioso e preços mais em conta. Quem quiser ir ao cinema pode procurar horários alternativos.
E ai que começa o problema. Hoje em dia esta cada vez mais difícil sair de casa. Em cidades grandes, que são as únicas que tem salas é comum precisar de uma a duas horas para se escapar do sufoco do trânsito e chegar em casa. E ai só começam os problemas, o estacionamento caro, a despesas com pipocas e que tais, os ingressos que hoje cobram por tudo que for a mais (3D, sala Vip, sala numerada, IMAX). Uma diversão que já não é tão barata ainda mais em família. Ainda mais se considerando a concorrência, que hoje em dia é desleal. Com o crepúsculo das locadoras e o VOD (Now) ainda em fase de crescimento, ainda prepondera a pirataria, que continua acessível em qualquer bairro da cidade, a preços baixos e variáveis e que hoje incluem também as séries de TV (os sucessos ainda são Breaking Bad, House of Cards e ainda o serial Dexter) que são vendidas por blocos de capítulos.
Qualquer filme do Oscar®, por exemplo, esta hoje disponível e mesmo o que público rejeita nas salas (como 12 Anos de Escravidão) é consumido em casa. Outros valores. Há os que ainda acham que cinema ainda é o melhor lugar de ver um filme, mesmo com o tweeters e celulares mal criados. Se for em IMAX, para mim é realmente imbatível. Quanto a dia de estreia, eu fui criado em Santos, tendo mudanças de programação no meio da semana. O Atlântico exibia um filme menos comercial de segunda a quarta, e de quinta a domingo outro mais popular. O cine Gonzaga fazia o mesmo só que de terça a quinta! Quando mudei para São Paulo tínhamos alternativas, filmes que estreavam na segunda-feira, que perdurou muito tempo como norma (suponho que isso tenha mudado porque se for um fracasso enorme, eles podiam colocar filme novo na quinta-feira, que já naquela época este já era também um dia alternativo). E outros na quinta, que foi a regra durante muitos anos.
Francamente o público que vai decidir se faz diferença. Acho que ele que no fundo sempre tem razão. De minha parte só diminui o tempo que eu tenho para ver o filme antes da estreia oficial. Se for bom , não interessa o dia que abre.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.