RESENHA CRTICA: Chico Artista Brasileiro

Quem viu o trailer, porm j curtir alguns dos melhores momentos. Mas o filme comovente para a gerao que o acompanhou

04/12/2015 21:45 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Chico Artista Brasileiro

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Chico Artista Brasileiro

Brasil, 15. 110 min. Documentário. Direção de Miguel Faria Jr. Fotografia de Lauro Escorel.

Este é o novo documentário do diretor que fez muito sucesso com a biografia de Vinicius de Moraes (05) e que promete ter igual repercussão com este. O Itaú da Frei Caneca já esta ocupando a sala maior e na sessão em que assisti ao final o filme foi saudado por calorosos salvas de palmas. Afinal se não chega a ser revelador é muito bem realizado, com esplêndida fotografia e direção de arte. Gostei especialmente de ouvir a leitura delicada de Marília Pêra dos textos de Chico. Os interpretes das canções de Chico em geral são pouco conhecidos (exceção de Ney Matogrosso e Monica Salmaso), mas talentosos. Embora o filme seja no fundo apenas uma longa entrevista em seu apartamento, praticamente com um único plano (sempre sentado na mesma cadeira e em close) se torna atraente e muito divertido porque ele tem incrível humor e fica tirando sarro de si próprio e da carreira em geral. Sem nunca se levar a sério. Embora tenha uma cena bonita, mas curta demais de Chico cantando e tocando com três dos netos (e apenas uma delas, encantadora morena se destaca). Na verdade, sente-se falta do depoimento de Marieta Severo, de fato a única esposa (embora parece que nunca de papel passado! Mas ela é uma grande figura e sua palavra e depoimento faz falta. Fora Miúcha também outros irmãos e até a ex-Ministra da Cultura deveriam dar o ar de sua graça! Dos parceiros só Ruy Guerra da depoimento ). Felizmente, porém, Chico se contém e desta vez não fala de Dilma ou de Cuba.

Apreciei o bom uso de material de arquivo (há, por exemplo, um raro momento de sua mãe subindo ao palco da Record) e muita coisa gravada na Itália, com a inesquecível Lea Massari, e até Josephine Baker, no palco com Chacrinha, cantando com Gil e Caetano (mas não a fala deles ou de Gal! Apenas Bethânia conta uma anedota!). Quem viu o trailer, porém já curtir alguns dos melhores momentos.

A questão é outra, eu faço parto de uma geração que cresceu junto com ele, que adorou “A Banda”, vibrou com “Roda Vida” e foi seguindo a carreira daquele garoto desajeitado num inesperado e despreparado ídolo político. Que de repente se viu vítima da perseguição da Ditadura e do jogo de perseguição da censura. Quem viveu tudo isso não consegue evitar a emoção que o filme provocará. Afinal também é a nossa vida. Embora não seja mais o garoto de antigamente e traga no rosto a marca dos 71 anos, não perdeu a jovialidade e a simpatia. Aproveitando o momento em que ele lançou o livro sobre seu irmão alemão, o filme conclui de maneira tocante, com Chico na Alemanha, em Berlim, procurando e encontrando imagens do seu verdadeiro e desconhecido irmão, inclusive um momento inesquecível em que o irmão aparece assoviando e cantando num filme musical da TV da Alemanha Oriental. Como sempre quando derramamos alguma lágrima ou rimos junto com ele. Não é por Chico que choramos, é pela gente mesmo. Pelo que passamos, vivemos, perdemos. E aplaudimos o artista talentoso e sobrevivente.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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