Uma Segunda Chance Para Amar
O clima de romance eh esperado, mas o que torna o filme delicioso para o p?blico eh a forma como este vai se desenvolvendo ate um final inesperado
Épocas natalinas são apropriadas para comédias românticas, gênero que costuma ser muito agradável quando alcançam o equilíbrio perfeito de lágrimas e risos, o caso de “Uma Segunda Chance Para Amar” (Last Christmas), que chega às nossas telas embalado pela trilha sonora recheada de sucessos do saudoso George Michael.
O sorriso largo, maior que a vida, de Emilia Clarke consegue repetir o encanto de “Como Eu Era Antes de Você” (Me Before You) dando vida e simpatia por sua Kate, uma jovem que se isolou sentimentalmente e trabalha vestida de elfo em uma loja natalina até que conhece o misterioso, e charmoso Tom (Henry Goulding) que faz tudo para se aproximar-se dela. Todos os elementos estão lá: A patroa exigente (Michelle Yeoh), a mãe preocupada (Emma Thomspon, o cenário de uma Londres apaixonante, todos os clichês corretamente trabalhados para cativar o público, roteiro escrito por Paul Feig (Missão Madrinha de Casamento) e da própria Emma Thompson, que sabem como explorar a narrativa, dosando os segredos por trás do comportamento de Kate e sua interação com os personagens periféricos. Como protagonista romântica Kate não está procurando amor e compreensão, mas fica nítido que ela precisa daquilo que não reconhece ou admite. Nesse ponto as inserções das músicas de George Michael conseguem casar bem com o desenvolvimento da narrativa com sucessos como Faith, Freedom, Last Christmas (cantada pela própria Emilia Clarke) e a inédita This is How (We Want You To Get High).
O próprio cantor chegou a fazer trabalho voluntário em um abrigo como o personagem Tom (Goulding) que interage com Kate (Clarke) querendo despertar nela uma nova relação com a vida, insistindo mesmo quando esta tenta afastá-lo. A condição cardíaca da personagem curiosamente vem a espelhar o da própria estrela, ainda reconhecida como a Daenerys de “Game Of Thrones”, que há pouco tempo sobreviveu a dois aneurismas que quase a mataram.
O clima de romance é esperado, mas o que torna o filme delicioso para o público é a forma como este vai se desenvolvendo até um final inesperado, que ... por favor, não deixe que spoilers estraguem a surpresa, capaz de derreter o coração mais duro. Lembrará um pouco a premissa de “E Se Fosse Verdade” (2005) estrelado por Mark Ruffalo e Reese Winterspoon.
Filmado em locações em Londres com muitas das cenas tendo sido rodadas após as duas da manhã; o filme, assim como “Um Lugar Chamado Notting Hill” cuja história também se passa na cidade, consegue explorar as imagens como um cartão postal. Uma gafe histórica é o prologo do filme que se passa na Yoguslávia em 1999, quando o país já havia se desintegrado.
Lançado em 8 de novembro no Reino Unido, o filme teve uma boa abertura nas bilheterias com mais de 11 milhões arrecadados, o que ainda está longe do orçamento estimado de 25 milhões, o que deverá ser alcançado com o lançamento internacional. Hora de pegar a pipoca e conferir essa história de Natal, que não seja a última mas uma entre as melhores a falar de amor.
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com