RESENHA CRTICA: Fome de Poder (The Founder)
O filme bem humorado e se torna uma lio de vida. Pena no ter tido chance ao Oscar
Fome de Poder (The Founder)
EUA, 2016. 105 min. Direção: John Lee Hancock. Com Nick Offerman, Michael Keaton, Laura Dern, John Carroll Lynch, Lauren Denham, Ric Reitz, Wilbur Fitzgerald, Catherine Dyer
Esta é uma produção dos irmãos Weinstein, famosos ganhadores de Oscar, mas algo aconteceu porque o filme foi atrasado e estreou nos EUA no pior momento, quando já haviam fechado as indicações para o Oscar. Uma pena, porque este seria um filme com todo potencial polêmico, ainda mais na era Trump onde vale tudo! E traz uma ótima interpretação do quase vencedor do Oscar Michael Keaton, que conseguiu aprender a se segurar, não cair no excesso de exagero do seu começo de carreira, ele faz um canalha que aliás vai ficando mais safado com o desenrolar do filme, mas que não deixa de ser humano ou sem moral, certamente não é alguém que eu gostaria de conhecer pessoalmente. Mas a atração é sim contar a verdadeira história do que teria acontecido na criação e expansão da casa de lanches mais famosa do mundo e também a mais prolífera, que vem a ser o MacDonald´s.
Mas não apenas Keaton está bem (sua boa vontade chegou a ponto de aprender a tocar piano numa sequência onde está tentando seduzir outra mulher e em papel que Tom Hanks recusou), a direção é competente e passa ao final grande quantidade de informações, mas sem chegar a transformar o protagonista em monstro, mas os que fazem os dois irmãos, ótimos coadjuvantes, Nick Offerman e John Carroll Lynch, e a sempre excelente Laura Dern como a primeira esposa, Patrick Wilson.
Seu personagem já passou dos cinquenta anos e vai muito mal de vida quando esbarra num lugar chamado MacDonald´s, criado e dirigido por dois irmãos que lhe ensinam os truques do ramo. Muito esperto, este R. Krock vai mais Além e depois de assinar um contrato sabendo que eles não valem nada, tudo pode sempre ser mudado e corrompido, vai conseguindo parceiros a ponto de se tornar muito rico e poderoso, se casar com a esposa de um amigo (Linda Cardinelli). É uma história fascinante, assustadora, que deveria ser obrigatória em qualquer escola de Administração e Economia. Até porque o filme é bem humorado e se torna uma lição de vida. Pena não ter tido chance ao Oscar.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.