Entre Dois Amores: Obscuridade de Paixoes

O Reino da Beleza acompanha com grande sabor e dubiedade emocional e sexual o comportamento de seu protagonista

18/08/2024 03:25 Por Eron Duarte Fagundes
Entre Dois Amores: Obscuridade de Paixoes

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Depois de um período em que seu estilo cerebral e contido de fazer cinema conquistou uma espécie de público que hoje parece em extinção, o diretor canadense Denys Arcand caiu em desgraça no universo cinematográfico. Mas segue sendo um realizador refinado e de rara sensibilidade. Recebido em alguns meios com frieza e deboche, O reino da beleza (Le règne de la beauté; 2014) é um belo exercício de cinema espiritual de Arcand; em momento algum uma narrativa sentimental e superficial, como uma visão apressada e sem nuanças pode indicar a alguns, O reino da beleza mostra, com clara agudeza, a submersão dum indivíduo masculino na paixão desprovida de freios a partir dos movimentos duma mulher. Luc, um jovem arquiteto, casado com Stéphanie, em Québec, vai a Toronto profissionalmente e ali se deixa enlear pelo desejo soturno e um pouco oculto de Lindsay Walker, uma secretária de congressos. A primeira cena de sexo do filme mostra Luc transando com Stéphanie: é plasticamente densa. As cenas de sexo de Luc com Lindsay são igualmente transformadoras e belas. O reino da beleza erige o erotismo em seu poder cinematográfico. Arcand sabe captar, com interioridade, as paisagens exteriores. E harmoniza os exteriores com os interiores em suas filmagens. Às vezes deslumbrante na perseguição que remete ao interior das personagens: todas devastadas pelo desejo.

O reino da beleza acompanha com grande sabor e dubiedade emocional e sexual o comportamento de seu protagonista. Dirigindo seus atores com extraordinária adequação de caracteres, pode-se dizer que em O reino da beleza ele oferece ao espectador de sensibilidade um universo de ações e intenções das criaturas em cena tão raro quanto enviesado. Exigindo do observador um outro olhar para o cinema, um olhar diverso daquele a que o cinema acostumou a todos. A aparente singeleza, num filme de Denys Arcand, é pura profundidade: estilística e psicológica.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro “Uma vida nos cinemas”, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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