RESENHA CRTICA: Uma Viagem Extraordinria (LExtravagant Voyage Du Jeune e Prodigieux T.S. Spivet)

Novo filme do mais pessoal, criativo e inventivo cineasta do cinema Francs, Jeunet, encantador

04/11/2014 15:40 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Uma Viagem Extraordinária (L´Extravagant Voyage Du Jeune e Prodigieux T.S. Spivet)

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Uma Viagem Extraordinária (L´Extravagant Voyage Du Jeune e Prodigieux T.S. Spivet)

França, Austrália, Canadá, 2013. Direção de Jean-Pierre Jeunet. Com Helena Bonham Carter, Judy Davis, Kyle Catlett, Callum Keith Rennie, Niahm Wilson, Jakob Davies.


Premiado com o Lumiére de melhor filme e o César de Fotografia, este é o novo filme do mais pessoal, criativo e inventivo cineasta do cinema Francês Jeunet. Desde há muitos anos quando fez parceria com Marc Caro e Delicatessen (91) (aliás seu ator preferido desde aquele filme, Dominique Pinon, faz aqui aparição como o vagabundo que o herói encontra durante a viagem de trem). O fato é que Jeunet é dos poucos realizadores que criou um mundo particular, original, que parece muita coisa e com nada em particular, a não ser um universo dele. Mas não se prendeu demasiado a seu princípio, com o Fabuloso Destino de Amélie (2001), partiu para um delicioso e definitivo cartão postal de Paris (e tornou Audrey Tautou estrela), sem esquecer a edição rápida, a nostalgia, o romance. Depois do médio MicMacs - Um plano Complicado (09, que poucas memórias me deixou) e do romântico Eterno Amor (novamente com Tautou e pela primeira vez  como Marion Cotillard), ele faz este filme belíssimo em 3D, que é diferente desde os letreiros (é inspirado num livro infantil de Reif Larsen, que é um pop book, ou seja, quando as paginas se abrem ganham vida,  recortadas, como se fosse 3D).

Não se deve, porém esperar um novo Amélie, o tom é outro e a história completamente diferente. O herói Spivet agora é um menino americano que vive com os pais num rancho meio arruinado, no estado de Montana. Ele é o narrador da história, um menino perto da genialidade, cientista de talento próprio, cartógrafo que tem que suportar a irmã adolescente que deseja ser Miss ou atriz, um irmão gêmeo (que morre atingido por tiro, num caso misterioso que ninguém na família aborda e de quem ele sente muita falta). A mãe é cientista que estuda insetos e mal troca palavras com o sisudo marido cowboy (mas é possível que mesmo assim eles se amem).

O filme começa com Spivet furando uma aula de universidade onde comenta sobre o moto perpétuo e ele fica fascinado pelo assunto. Sem que ninguém saiba faz cálculos e seu projeto chega até o célebre Instituto Smithsonian de Washington que lhe comunica que ganhou um premio especial (sempre pensando que se trata de um adulto). Enchendo-se de coragem, ele faz sua mala e parte escondido num trem, como se fossem os anos difíceis da Depressão (até sendo perseguido por guardas). As paisagens e a maneira de fotografa-las não poderia ser mais folhinha no melhor sentido da imagem. De dar vontade de ver de novo.

O problema com o filme é justamente esse. É um pouco antiquado para os garotos atuais, perdidos em outras tecnologias e prazeres mais imediatos. Então o filme vai ficar condenado à terceira idade e os fãs do diretor. Mas que esses não percam o resultado. É verdade que na sequência do Museu o diretor não conseguiu segurar Judy Davis, que partiu para a caricatura total (ainda que divertida) enquanto justamente a que tem a mania do exagero, Helena Bonham Carter, não podia estar mais em controle.

De qualquer forma, é um filme contracorrente, belo e encantador, que consegui me encantar.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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