MELHORES DO ANO 2014

Confira a lista dos melhores (e piores) filmes do ano segundo Rubens Ewald Filho

19/12/2014 16:38 Por Rubens Ewald Filho
MELHORES DO ANO 2014

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Várias vezes este ano eu reclamei da má qualidade média dos filmes, tanto os de Hollywood quanto os europeus. O curioso é que agora na hora do balanço o resultado não é tão infeliz, certamente além de rabugento eu fui influenciado pela crise no cinema americano (nesta temporada caiu muito a bilheteria, mas certamente por questões econômicas) e Hollywood não faliu porque teve a sorte de penetrar nos cobiçados mercados Russo, Chinês e até mesmo Indiano (neste caso, os roteiros tem sido vendidos para serem refeitos por lá, com os dialetos locais).  As populações espantosas da Rússia e China (esta então se tornou coprodutora também dos filmes) devem ter sido favorecidas também porque ambas são ditaduras e notoriamente corruptas (não duvidem que o presidente Russo esteja levando parte da renda!).

Mas e o cinema, enfim, que é o que importa? Não apenas na escolha dos melhores, o resultado é melhor do que eu supunha, mas a safra nova do Oscar® que vai chegar só depois de janeiro me impressionou muito. Tudo que vi dentre os escolhidos para Globo de Ouro e SAG, são de boa qualidade, alguns excepcionais. Vamos portanto ser otimistas mesmo lamentando a queda de prestígio do cinema em troca das séries de TV (hoje em dia o assunto mais discutido é o Game of Thrones e o pior é que merecidamente). Está sendo a idade do ouro do gênero graças a liberdade criativa que estão tendo os roteiristas e criadores. Na minha cabeça as séries são apenas outra forma de cinema. Por isso só posso admira-las. Há espaço para tudo. Às vezes falta é tempo!

 

A Lista dos Melhores

Garota Exemplar (Girl Gone) - Foi lamentável que o público brasileiro não tenha visto esse filme que foi sucesso nos EUA mas ignorado aqui por causa de eleições. Mas é o melhor thriller dos últimos anos e o melhor trabalho do diretor David Fincher, do ator Ben Affleck e a revelação da estupenda Rosamund Pike. Impressionante.

Ela (Her) - Desde o Oscar® venho repetindo os elogios a este brilhante e inovador trabalho de Spike Jonze, premiado como roteiro. Melhor momento de Joaquim Phoenix, ótimo elenco, mas é a voz de Scarlett Johansson que rouba o filme (sem imaginar que ela viria a ser uma das grandes estrelas do ano com Lucy! Ficou rica ganhando parte da renda deste filme europeu!).

O Grande Hotel Budapest (The Grand Budapest Hotel) - O único lançado em meados do ano e desde então reservando um lugar para esta divertida, sofisticada e adorável aventura do diretor Wes Anderson, finalmente acertando em cheio numa aventura a moda antiga com excepcional elenco.  

Philomena (Idem) de Stephen Frears - O que mais gostei foi da resolução da história que parecia caminhar para um tom religioso. Mas não se desvia de sua proposta de denunciar o comportamento reacionário do presidente Reagan.  Em momento nenhum Judi Dench transparece sua doença.

Relatos Selvagens (Relatos Salvajes de Damian Szifron) - Tem tido pouca repercussão na previas do Oscar® de filme estrangeiro este filme argentino brilhante e muito divertido (em particular na notável sequencia final do casamento!). Mas para meu gosto deveria ganhar outro Oscar® para a Argentina.

Uma Vida Comum (Still Life, 13)- Que pena que ninguém viu este belo drama britânico de Uberto Pasolini (parente sim do falecido) sobre um funcionário que cuida de desaparecidos. Estrelado por um ótimo ator que você nunca guardou o nome, Eddie Marsan. A descobrir.

Mesmo se Nada der Certo (Begin Again,  de John Carney) - Eu me encantei com este romance musical que é o novo trabalho do irlandês que ganhou Oscar® de canção por Once, no filme Apenas uma Vez... Com o atual indicado para o Globo de Ouro para a TV (The Normal Heart) e cinema (Foxcatcher), com Mark Ruffalo e Keira Knightley.

Viva a Liberdade (Viva la Libertà, 13, de Roberto Andó) - Depois de A Grande Beleza, o grande ator Toni Servillo retorna numa comédia dramática  em papel duplo como irmão político corrupto e outro filosofo. Ninguém viu e não sabem o que perderam. Cinema italiano do melhor. Direção de Roberto Andô.

Nebraska (Idem, de Alexander Payne) - Em preto e branco, o final de vida de um caipira de Montana que faz viagem de volta ao passado. Grande Bruce Dern. Outro que ninguém viu.

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club) - Outra denúncia com Reagan, que deu Oscar® para Jared Leto e Matthew MacConaughey, que para surpresa geral viraram bons atores.

Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum, dos Irmãos Coen - Embora indicado aos Oscar® de som e fotografia, outro que passou em branco. Mas é um belo exercício em contar a história de um músico antipático e pretensioso, ainda que talentoso. Revelou Oscar Isaac.

A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars, 14, de Josh Boone) - Merecido sucesso dentro da linha de livros para Young adults. Uma história de amor entre adolescentes que sofrem de doenças sem cura. Encantadores Shaillene Wooley (este ano também acertando em Divergente), Ansel Elgort.    

No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow) - Meu blockbuster favorito este ano, que não foi tão bem assim de bilheteria mas esta sendo redescoberto agora em mídias alternativas, acentuando outro nome (Live Die Repeat). Com Tom Cruise e talentosa Emily Blunt.

Frozen, uma Aventura Congelante (Frozen) da Disney. Um mega sucesso que já rendeu milhões e milhões de dólares e esta a beira da exaustão. Mas ainda é o melhor num ano não muito bom na animação, onde o Como Treinar seu Dragão 2 tem seus admiradores,  o latino Festa no Céu foi diferente e o exótico Boxtrolls.

O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, de Martin Scorsese) – Em retrospecto é difícil acreditar que o diretor fez um filme tão ousado e delirante sobre a crise econômica e os vigaristas. Revelou a bela Margot Robbie.

O Grande Mestre (The Grandmaster) - Aventura chinesa excepcionalmente bela, outro show do diretor Wong Kar Wai. Um pouco confusa talvez, mas inesquecível.

Que Estranho Chamar-se Federico. Scola conta Fellini – Documentário em que o grande diretor Ettore Scola recorda a amizade com Federico Fellini. Sublime.

Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown, 12) - Um dos filmes mais originais do ano. Produção belga, sobre estranho casal de músicos.

Tudo por um Furo (Anchorman 2 The Legend Continues, 13) - Outro que ninguém quis ver. Mas é uma comédia ousada e satírica sobre o jornalismo americano passado e atual com elenco all star liderado por Will Ferrell. Uma loucura impressionante.

Canção para Marion (Song for Marion 12) – Estreando agora nos cinemas em São Paulo e Rio, um drama sobre terceira idade, belo e comovente, com os grandes Vanessa Redgrave e Terence Stamp. Para chorar.

 

Os Blockbusters

Não foi uma safra tão ruim assim de super espetáculos. Eu até curti os absurdos de Velozes e Furiosos 7,  sem  imaginar a tragédia que iria suceder com Paul Walker. Mas foi um acerto o humor de Guardiões da Galáxia, o prosseguimento da trama de X-Men – Dias de um Futuro esquecido, Angelina Jolie em Malévola (o maior êxito de sua carreira). O cinema francês tem o engraçadíssimo As Férias do Pequeno Nicolau e o belo e grandioso Uma Vida Extraordinária, que infelizmente foi esnobado. E também o ultimo filme do mestre Alain Resnais, Amar Beber e Cantar

Foi também um ano muito triste com perdas enormes, de Robin Williams a Lauren Bacall, Mike Nichols, muitos demais para citar todos. Mas em todos eles ficamos mais pobres e tristes.    

 

Os Piores do Ano

Para mim, o pior do ano, um dos poucos que me deixou irritado em ver elenco desperdiçado, visual de mau gosto e um personagem mal aproveitado foi mesmo Godzilla. É engraçado os críticos americanos como sempre fazem média para sustentar a indústria e só mais tarde admitem que foi um erro grotesco. A gente ate gosta desde criança do lagartão Godzilla, razão a mais para lamentar este equívoco. Também foi “menos bom” o resultado do segundo Espetacular Homem Aranha 2, não deviam mesmo ter matado a mocinha, grande erro que não se podia mencionar na critica original para não revelar a história. Logo a seguir acho que teríamos que colocar Um Conto do Destino (Winter´s Tale), com Colin Farrell, que não tinha pé nem cabeça. Não é a toa que Warner entrou em crise. Foi o sucesso de sempre o Transformers 4 mas a sensação é que já basta, vamos parar por aí. Vocês viram que não mencione Interstellar, não gostei mas  ainda conservei certo respeito. Não se pode falar o mesmo do filme anterior do mesmo diretor Christopher Nolan, que lendo o roteiro passou a missão para seu fotografo Wally Pfister, no que virou Transcedence:A Revolução, um plano para acabar com a carreira de Johnny Depp que parece estar dando certo!

Caçadores de Obras Primas eu hesito em por entre os piores, mas foi uma decepção terrível ver George Clooney se perder na direção, uma aventura sem graça ou razão de ser.

Mas teve outras besteiras que passaram por super produção: um Frankenstein de ação, o infeliz Pompéia, com Kit Harrington de Thrones, o 47 Ronins que foi o pior desastre em anos no Japão (ainda assim Keanu Reeves voltou a forma este ano com o interessante De Volta ao Jogo), o horrível Virginia de Coppola (um cineasta desse gabarito não pode cometer essas calamidades), o segundo e igualmente ruim Muppets, Old Boy versão Spike Lee que é um equivoco total, o decepcionante  A Menina que Roubava Livros, e pensando bem os dois chatos e pedantes e pseudo eróticos Ninfomaníaca.

Lamento colocar na lista de decepções o novo Robocop dirigido pelo brasileiro José Padilha. Eu ate gostei do filme, foi o resto do mundo e do Brasil, que não quis aceitar o resultado. Já fiquei decepcionado também com o Rio 2, o primeiro era tão legal e este tão bobo e derivativo. Mas decepcionante mesmo é o filme que esta ameaçando levar o Oscar® agora de 2015, o bobo e inconsequente Boyhood - Da Infância a Juventude.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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