OSCAR 2014: Melhores Trilhas
Sem grandes discussões, as indicações foram ótimas. A favorita é a de Gravidade
Trilhas Musicais 2014
Este ano não houve grandes discussões sobre as trilhas musicais selecionadas pela Academia. Eis o que pensamos das finalistas a Paoula Abou Jaoude e eu.
Finalistas
A Menina que Roubava Livros (The Book Thief) de John Williams
Paoula: Sou fã de carteirinha de Mr. Williams e esta é uma trilha boa com melodias bonitas, mas não é sua maior trilha nem a mais memorável. Definitivamente não é um novo A Lista de Schindler. Mas é muito sutil no livro. Eu até teria gostado de ouvir algo mais sentimental, talvez para complementar o filme que é ruim!
Rubens: A Paoula tem razão, o filme é ruim, a trilha mediana e nada memorável. Pouco para quem já ganhou 5 Oscars®!
Gravidade (Gravity) de Steven Price
Paula: Inovadora e maravilhosa! Criou som no espaço onde se sabe que não há nenhum por lá. Ouvi varias vezes a trilha inteira. Pra mim foi magistral o mix que ele fez de sound design / sound FX / music score. É harmonioso e se ajusta perfeitamente as imagens e também funciona emocionalmente. Arrepio toda vez que ouço Don't Let Go, tem quase 11 minutos de duração e é linda!!! Acho que o estilo musical tem algumas semelhanças com a trilha de Oblivion, mas Gravidade é muito melhor e mais inovadora! É uma das minhas favoritas e acho que pode ganhar.
Rubens: Essa parece ser a impressão que passa também a Academia, é o favorito. Hora de se consagrar mais o compositor britânico Steven Price que nunca ganhou e só foi indicado agora. Mas é foi editor musical de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003), O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002) e autor e editor de Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010). Fez poucas trilhas suas (Ataque ao Prédio, Heróis de Ressaca, e o novo Fury com Brad Pitt).
Ela (Her) de William Butler and Owen Pallett
Paoula: LINDA!!!! É minha outra favorita este ano e parece ser a única que pode concorrer com Gravidade embora tenham estilos totalmente diferentes. É um belíssimo e sutil escore. Já gostava do Arcade Fire (banda de rock canadense que fez para A Vida Secreta de Walter Mitty, Wake Up e Abraham´s Daughter de Jogos Vorazes) e estava curiosa para ouvir a trilha e amei! Devido ao tema e também por ser introspectiva. É um filme difícil de escrever música, achei a trilha perfeita não só por conseguir complementar mas também enfatizar as cenas e o clima delas. Que fluem harmoniosamente com o diálogo, com momentos de silêncio e com a direção de fotografia, seja qual for o “cue”, desde o piano improvisado da Scarlett à canção que cantam juntos, acho a trilha impecável!
Rubens: Até parece que combinamos mas não é verdade. Apaixonei-me pelo filme justamente por todas essas qualidades artísticas que o distinguem de outros trabalhos quaisquer. Um salto enorme na carreira de Jonze que virou cineasta completo.
Philomena de Alexandre Desplat
Paoula: É uma boa trilha. Ouvi algumas vezes e acho que funciona bem no filme, mas achei um pouco repetitiva nos temas. O Desplat entende de drama e clima, sempre consegue grandes cenas musicais, mas não acho que seja seu melhor trabalho. Talvez seja culpa minha por excesso de expectativa. Mas honestamente achei que ele se reciclou, as variações de som me pareceram familiares. Ainda assim não deixa de ser uma boa trilha dramática.
Rubens: O Francês Desplat é o compositor do momento, foi indicado ao Oscar® 6 vezes (A Rainha, Benjamin Button, Argo, Discurso do Rei). Faz de 3 a 5 filmes por ano, e já tem um total de 151 créditos. Isso explica a reclamação acima da Paoula.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks) de Thomas Newman
Paoula: É uma trilha interessante e já esperava que fosse indicada. É divertida de ouvir. Gosto da mistura do passado e presente, segmentos e trechos cantados. Basicamente uma trilha tradicional de Hollywood, mas no estilo de Thomas Newman, então tem um pouco de tudo na orquestração.
Rubens: Este é o primo pobre da ilustre família de compositores de Hollywood (seu pai Alfred, chefe musical da Fox, seu tio Lionel Newman, seu primo Randy, o irmão David Newman, só para lembrar os mais famosos). Já foi indicado aos Oscars® 12 vezes e nunca levou (podia em Wall-E, Procurando Nemo, Beleza Americana etc.).
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.