RESENHA CRTICA: xodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings)
Este novo xodo tem erros e acertos, certamente dever atrair um pblico religioso
Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings)
EUA, 14. 150 min. Direção de Ridley Scott. Com Christian Bale, Ben Kingsley, Joel Edgerton, John Turturro, Adam Paul, Ben Mendelsohn, Maria Valverde, Sigourney Weaver, Hiam Abass, Ewen Bremmer, Tara Fitzgerald.
Em 1956 fez grande sucesso e teve enorme repercussão o filme Os Dez Mandamentos, de Cecil B. De Mille, que contava justamente essa mesma histÓria. Ainda que rodado em Hollywood, com um elenco bem americano, ele ficou inesquecível por causa de uma sequência de efeitos especiais que mostrava a passagem pelo Mar Vermelho dos judeus em fuga (essa cena hoje em dia envelheceu demais e ficou meio ridícula). Embora esse o filme seja muito divertido seguia a linha do diretor de mostrar mulheres bonitas e seminuas (e também uma sequência de orgia aonde adoravam o Bezerro de Ouro, que resolveram eliminar aqui). Talvez porque o filme já estivesse ficando muito longo, não mostram os 40 anos em que eles vagam pelo deserto por castigo de Jeová. O próprio Deus aparece na figura muito discutível de um menino. Não chega a ser ruim, mas fica difícil de acreditar, até porque no filme original (recomendo vocês que deem uma olhada, é cafona mas um espetáculo grandioso em que a melhor coisa é o jovem Charlton Heston sendo um tremendo Moisés. Yul Brynner, o primeiro careca do cinema moderno, também é um poseur como o faraó egípcio). Houve em 98 a versão em animação do tema, quase semelhante chamado O Príncipe do Egito.
Enfim, este novo Êxodo tem erros e acertos. O diretor Ridley Scott já não é mais o mesmo dos tempos de Alien (sua musa Sigourney Weaver faz um ponta quase irreconhecível) , Thelma e Louise e Blade Runner. Talvez porque sinta a ausência de seu irmão também diretor Tony Scott, a quem o filme é dedicado (ele se matou em agosto de 2012).
Enquanto Christian Bale convence bem como Moisés, devidamente sofredor e heroico, o mesmo não se pode dizer de seu irmão de adoção, o filho do faraó Ramsés. Não apenas o ator australiano Joel Edgerton é discutível, mas como sua maquiagem beira o ridículo. Não há muitas surpresas na historia, a não ser a presença de egípcios efeminados (as mulheres do filme são poucas, exóticas e mal utilizadas). A primeira parte mostrando os dois ainda amigos é rotineira, mas o filme melhora quando chegam as pragas bíblicas (há uma sequência que não estaria no livro, a dos crocodilos do Nilo) que tem a missão de convencer o faraó o libertar os judeus que eram escravos há muitos anos. Eu gosto muito da sequência da caminhada até a Terra Prometida, principalmente as cenas quando as tropas egípcias vão em sua perseguição e sofrem baixas. A historia do Mar Vermelho procura seguir os estudos recentes que dizem que naquele lugar há movimento das águas que permitira a passagem daqueles em fuga. Ainda assim é convincente mesmo que o final seja precipitado.
O filme teria custado 140 milhões, foi rodado em sua maior parte na Espanha e até agora não rendeu muito mais do que 40 milhões de dólares (mas mal estreou). Certamente deverá atrair um público religioso e na verdade me parece bem mais verossímil do que o recente Noé.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.