RESENHA CRTICA: Pecados Antigos, Longas Sombras (La Isla Minima)
No nenhuma obra prima mas um bom filme de um cinema espanhol
Pecados Antigos, Longas Sombras (La Isla Minima)
Espanha, 14. 105 min. Direção de Alberto Rodriguez. Com Javier Gutierrez, Raul Arévalo, Maria Varod, Jesus Ortiz, Perico Cervantes, Ana Tomeno, Paula Palacios.
Este foi o filme espanhol mais premiado do ano, 9 prêmios da Associação de Escritores, prêmio do publico do Festival Fantasia, 5 Feroz Awards, melhor filme e ator do Fotogramas de Prata, 10 Goyas (o Oscar local) incluindo melhor filme e ator. Prêmio José Maria Forqué (filme e ator), Festival de San Sebastian (Prêmio do Júri, ator, fotografia e Prêmio Feroz). Sindicato dos Atores (ator Javier e coadjuvante Mercedes Leon). Sant Jordi (atores empatados Javier e Raul). Turia (Filme por júri e público) e ainda Platino Award (filme e ator Javier).
Nada mal para um diretor que eu desconhecia (que já tinha cinco longas anteriores), mas que demonstra uma estética que foge da tradicional espanhola, geralmente mais “suja” como imagem. Até parece filme inglês. Ele utiliza com muito talento cenas filmadas de helicóptero, quase como vinhetas. Algumas delas são digitalizadas das fotografias tiradas por Hector Garrido. Apesar da trama policial, não procura criar suspense ou mesmo clima de thriller. Tudo foi rodado nas regiões de Sevilha e mais especificamente na Andaluzia.
Acontece em 1981, quando dois policiais (que não são amigos unidos pelo acaso) são enviados para resolver um caso - o desaparecimento de duas jovens - na região de embocadura do Rio Guadalkivir. Um deles, Juan, é veterano e cínico (e Javier está excelente sem cair em exageros, não lembrava dele em filmes como Crime Perfeito e O Quarto do Bebê). Pedro é mais ingênuo e estourado (Raul foi um dos aeromoços gays da comédia de Almodóvar, Os Amantes Passageiros).
Esbarram nas dificuldades de sempre, a má vontade do povo local, a não cooperação das outras meninas, a violência do pai das garotas e colaboração da mãe. Não demora a aparecer o corpo das duas assassinadas. Na verdade a trama policial fica em segundo plano, porque a ênfase é nas imagens, na fotografia, que sabe filmar o carro em meio ao campo e plantações, sempre de forma marcante.
Ainda assim o filme não é tudo que se poderia esperar por causa dos prêmios. Não é nenhuma obra prima mas um bom filme de um cinema espanhol que não atravessa sua melhor fase (até comercialmente). Mas deixa vontade de querer ver os outros trabalhos do diretor.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.